No calendário oficial, o dia 9 de julho é celebrado como feriado em memória da Revolução Constitucionalista de 1932, movimento das elites paulistas contra o governo de Getúlio Vargas. Mas há outra história, anterior e profundamente popular, que também merece ser lembrada neste dia: a greve geral de 1917, a primeira grande paralisação operária do Brasil, que teve como epicentro a cidade de São Paulo.
A greve eclodiu em julho de 1917 em resposta às péssimas condições de trabalho, aos baixos salários e à repressão policial. A cidade parou. Os bondes foram interrompidos, as fábricas fechadas e milhares de trabalhadores cruzaram os braços em protesto. A repressão foi brutal. A polícia atirou contra os grevistas, matando o jovem operário espanhol José Martinez, de apenas 21 anos, durante um protesto na Mooca. Sua morte gerou enorme comoção e ampliou ainda mais a mobilização.
O enterro de Martinez se transformou em uma marcha de dezenas de milhares de pessoas, em silêncio, que cortou a cidade como um grito coletivo de luto e revolta. A greve se espalhou para outras cidades e conquistou algumas vitórias, como o reconhecimento de direitos trabalhistas básicos, mesmo que de forma limitada.
Apesar da tentativa das elites de apagar essa memória, os trabalhadores sempre souberam o que o 9 de julho também representa: o sangue derramado por um de seus filhos e o despertar da consciência de classe urbana no Brasil.
É simbólico que o Estado tenha oficializado o 9 de julho como o dia da Revolução Constitucionalista, exaltando a luta das oligarquias, enquanto silencia sobre o 9 de julho de 1917, data marcada pelo martírio operário. Uma história escrita com as mãos calejadas do povo, e não com as luvas brancas do poder.
Recuperar a memória da greve de 1917 é um ato político. É lembrar que a luta por direitos no Brasil não começou com os palácios, mas nas fábricas, nas ruas, nos sindicatos. É homenagear José Martinez e tantos outros que tombaram sem bustos ou avenidas em sua honra.
Neste 9 de julho, que se levantem também as vozes da classe trabalhadora. Que se recorde que antes dos generais e dos governadores, foram os operários que enfrentaram o Estado para conquistar dignidade. E que sua luta segue viva.
* Artigo redigido com auxílio do ChatGPT.





