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Ursula Von Der Leyen, presidenta da Comissão Europeia, Volodymyr Zelenskyy, presidente da Ucrânia, e Mark Rutte, Secretário Geral da Otan, durante reunião da aliança limitar em Haia (Foto: Otan / Flickr)

Cannabrava | A Europa em marcha acelerada para a guerra

Cegueira estratégica da Europa não é nova. Napoleão e Hitler, em sua arrogância, também tentaram conquistar a Rússia pela força — e fracassaram

Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

A Cúpula da Otan de 2025 em Haia, na Holanda, expôs de forma brutal a submissão da Europa aos interesses estratégicos dos Estados Unidos. O acordo firmado entre os 32 países-membros, incluindo os recém-integrados Suécia e Finlândia, prevê aumento expressivo nos gastos militares, reorientação das indústrias de armamento e o compromisso com o envio contínuo de armas e munições para a Ucrânia, além de um plano de cinco anos para preparar o país para integrar a Aliança.

Essa escalada bélica é vendida como resposta à “ameaça russa”, mas, na realidade, revela o fracasso dos projetos europeus de soberania e cooperação regional. Em vez de buscar caminhos de paz e reconstrução, a Europa aprofunda sua dependência do complexo militar-industrial norte-americano, que há décadas pressionava os aliados para ampliar os investimentos em defesa.

Mais do que isso: ao consolidar a Otan como braço armado de uma nova guerra fria, os países europeus abrem mão de sua autonomia e de suas possibilidades de articulação com a Ásia e o Sul Global. Caminham, mais uma vez, para o abismo de uma guerra que não é sua — e que será travada, como sempre, em solo europeu.

Como bem alertou o ex-premiê italiano Massimo D’Alema, os verdadeiros desafios da segurança global não são militares: são as desigualdades, as migrações forçadas, as mudanças climáticas, a fome. Em vez de investir em soluções para esses males, os governos preferem alimentar a indústria da guerra. Afinal, como dizia Eisenhower, poucos ganham muito com isso.

Ficam as perguntas:

Quem está interessado nessa guerra? Quem ganha com ela? Quem perde? Quem são os inimigos? Para quê serve a OTAN? Até quando os povos europeus aceitarão ser arrastados para guerras alheias em nome de uma segurança que jamais se realiza?

Ao enxergar a Ásia como inimiga em vez de parceira, a Europa perde uma oportunidade histórica de se integrar a uma das regiões mais dinâmicas do mundo. Imagina-se o que seria uma Europa articulada com os recursos naturais, energéticos, tecnológicos e humanos dos países asiáticos. Os efeitos positivos da integração estão cada vez mais evidentes nos projetos liderados por Rússia e China, como a Nova Rota da Seda, que já conecta comercialmente mais de cem países.

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Em vez de apostar na guerra, a Europa poderia apostar na cooperação e na reconstrução de uma ordem multipolar baseada na paz e no desenvolvimento comum. Essa cegueira estratégica não é nova. Napoleão e Hitler, em sua arrogância, também tentaram conquistar a Rússia pela força — e fracassaram. A Europa de hoje parece repetir o erro, ignorando que a cooperação rende mais frutos do que a confrontação.

* Artigo redigido com auxílio do ChatGPT.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1957. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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