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Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil

Cannabrava | A monstruosidade dos juros a 15% trava a economia e o desenvolvimento

São os juros utilizados como arma de dominação

Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

As estimativas de inflação declinaram durante quatro semanas consecutivas. Ao mesmo tempo, as projeções para o crescimento do PIB subiram. Esses dois indicadores apontam para um cenário de maior estabilidade e, portanto, dariam respaldo a uma política de redução dos juros.

No entanto, o Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 15% “por um período bastante prolongado” e “não hesitará” em subir mais os juros se for necessário. Diz o jornal Estado de SP, em capa do caderno de economia, que é o maior patamar desde 2006 — uma monstruosidade sob todos os pontos de vista: econômico, social e ético. São os juros utilizados como arma de dominação.

A inflação está em torno de 4,5%, exatamente no teto da meta definida pelo próprio sistema de metas do governo. Mas essa meta é muito baixa para um país em desenvolvimento como o Brasil. Uma inflação moderada, acima de 5%, não traria nenhum dano — desde que acompanhada de crescimento do PIB e geração de empregos. O que não se pode aceitar é a estagnação econômica em nome de uma estabilidade artificial que só favorece o rentismo.

A decisão do Copom não apenas ignora os dados concretos da economia brasileira — como a queda da inflação e a alta do PIB —, como também revela uma submissão ideológica ao pensamento econômico dominante nos Estados Unidos. O próprio comitê indicou que a taxa real de juros poderá chegar a 15%, ou até mais. Estão mais preocupados com os sinais da economia norte-americana do que com a realidade brasileira, com o desemprego, a pobreza e a urgência do desenvolvimento. É uma política monetária colonizada, que transfere riqueza do povo para os rentistas, travando o futuro do país.

Nas justificativas formais, o Copom menciona um “cenário de incertezas e instabilidades no ambiente internacional”, citando, por exemplo, a ameaça do Irã de fechar o estreito de Ormuz — o que poderia elevar os preços do petróleo no mercado global. Mas que impacto real isso tem no Brasil? Nenhum. Somos autossuficientes em petróleo. Utilizar esse tipo de argumento é mais uma prova de como a política monetária brasileira está desconectada da nossa realidade e subordinada a uma lógica externa que nada tem a ver com as necessidades do povo brasileiro.

Na realidade, a economia brasileira está indo bem. Há crescimento do PIB, controle da inflação e estabilidade das contas externas. Mesmo assim, continuam martelando a ideia de que o presidente Lula gasta mais do que pode e que o governo precisa cortar despesas. É uma narrativa maliciosa, que ignora os avanços reais e serve apenas para justificar a manutenção de juros altos e a contenção do investimento público.

O que não se diz é que o governo está de pés e mãos atados. O Congresso Nacional, burlando a Constituição, se apropriou de grande parte do orçamento federal por meio das chamadas emendas parlamentares — em especial as emendas de relator, que criaram um orçamento paralelo, opaco, e controlado por interesses privados e fisiológicos. Assim, não é o Executivo que gasta demais: é o Legislativo que drena recursos públicos sem transparência e sem compromisso com um projeto nacional de desenvolvimento.

Manter os juros em 15% ao ano, num país que precisa urgentemente investir em saúde, educação, infraestrutura e ciência, é uma crueldade. É uma política deliberada de sabotagem ao desenvolvimento. Travar o crescimento em nome de metas artificiais e de uma suposta “credibilidade fiscal” é condenar o povo à estagnação, ao desemprego e à desigualdade.

O Brasil não precisa de juros altos. Precisa de soberania sobre sua política econômica. Precisa de um Banco Central comprometido com o país, e não com os interesses do mercado financeiro global. A taxa de juros deveria ser instrumento de desenvolvimento, não de dependência. É hora de romper com essa ortodoxia perversa e recolocar o Estado a serviço da maioria da população — não dos rentistas de sempre.

* Artigo redigido com auxílio do ChatGPT.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1957. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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