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A América Latina segue sendo o território das lutas inconclusas que Che enxergou com tanta clareza — o continente que resiste à dominação e busca afirmar sua soberania. (Foto: "Guerrillero Heroico", por Alberto Korda)

Cannabrava | Che Guevara, o exemplo que não morre

A Revolução Cubana projetou Che Guevara como um ícone, mas foi sua escolha de abandonar o poder para lutar junto aos povos oprimidos que o tornou eterno

Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

Em outubro de 1967, o mundo perdia um de seus maiores símbolos de coragem e coerência: Ernesto Guevara de la Serna, o Che Guevara. Médico, guerrilheiro, revolucionário, ele representou a juventude idealista que acreditava ser possível transformar o mundo pela ação e pela solidariedade.

A Revolução Cubana o projetou como um ícone, mas foi sua escolha de abandonar o poder para lutar junto aos povos oprimidos que o tornou eterno. Che não suportava a comodidade da vitória enquanto outros povos ainda sofriam sob o jugo do imperialismo.

Ferido em combate, foi capturado no dia 8 de outubro de 1967, nas montanhas da Bolívia, e assassinado no dia seguinte por ordem direta do presidente René Barrientos — que, por sua vez, seguia instruções da CIA. Queriam eliminar o homem e apagar o símbolo. Não conseguiram.

Sua presença na Bolívia foi um gesto extremo de fidelidade aos princípios da revolução. Ali foi traído e executado, mas seu exemplo resistiu — mais forte que as balas que tentaram calá-lo.

Hoje, quando o mundo parece novamente dominado pelo cinismo e pela força bruta, lembrar Che é um ato político. É lembrar que o verdadeiro revolucionário é movido pelo amor, como ele mesmo dizia: amor pela humanidade, pela justiça e pela liberdade.

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A América Latina segue sendo o território das lutas inconclusas que Che enxergou com tanta clareza — o continente que resiste à dominação e busca afirmar sua soberania. No Brasil e em toda a região, seu nome ainda inspira aqueles que acreditam que um outro mundo é possível, construído não sobre o ódio e a cobiça, mas sobre a solidariedade entre os povos.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1957. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul Global, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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