O que está acontecendo no Equador não é uma simples crise de segurança. É o colapso de um país inteiro, capturado pelo crime organizado sob os olhos cúmplices — ou estrategicamente distraídos — dos Estados Unidos. A transformação do Equador em narcoestado não é acidente da história: é resultado de um modelo de dependência, militarização e desmonte das instituições populares.
Desde que adotou o dólar como moeda oficial, o Equador entregou parte da sua soberania econômica. O que parecia uma solução para estabilizar a inflação tornou-se uma brecha escancarada para a lavagem de dinheiro. É o paraíso dos carteis: lucros em dólares, sem necessidade de conversão ou controle monetário. E onde circula dinheiro sujo, circula também poder armado, corrupção política e desintegração social.
A dolarização foi imposta sob o argumento de estabilidade, mas serviu sobretudo aos interesses dos bancos e do capital estrangeiro. Nesse terreno fértil, o narcotráfico se organizou como estrutura paralela de poder. Infiltrou-se nos partidos, nas polícias, no Judiciário. Os últimos governos equatorianos, longe de enfrentarem essa lógica, acabaram se submetendo a ela. Não por acaso, assistimos hoje a cenas dignas de estados falidos: massacres em presídios, prefeitos assassinados, toque de recolher.
E qual a resposta? Militares nas ruas. Estado de exceção. Bases norte-americanas reativadas. A velha receita da guerra às drogas, que só fortalece os próprios traficantes e criminaliza os pobres. O Equador está sendo empurrado para o abismo — e quem conduz esse empurrão é o mesmo império que sempre se disse guardião da democracia.
O que se vê hoje é um laboratório de colapso, assim como já foi feito em outros países da região. A narrativa do narcoestado é funcional: serve para justificar intervenção, romper alianças regionais e manter o país dentro da órbita de Washington. Mas o povo equatoriano não é cúmplice disso. É vítima. Cabe a nós, no Sul Global, denunciar esse projeto de destruição e propor caminhos de soberania, justiça social e reconstrução nacional.
O Equador ainda pode se reencontrar com seu destino popular e soberano — mas isso só será possível quando a política deixar de ser refém do medo e do dólar.
Quer saber mais sobre a situação? Veja o Dialogando com Paulo Cannabrava de 17 de junho:
* Texto escrito com apoio da inteligência artificial ChatGPT.