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O que está em curso não é apenas um conflito regional, mas o avanço de uma frente de resistência contra o imperialismo e a ocupação (Imagem: IRNA)

Cannabrava | O recado do Irã: acabou a era da impunidade de Israel

O discurso oficial do Irã é claro: o país não busca confronto, mas tampouco aceitará ser humilhado; reivindica o direito à defesa, ao desenvolvimento e à soberania

Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

O Irã deu uma resposta inédita aos ataques de Israel. Pela primeira vez, desde a criação do Estado de Israel em 1948, um Estado soberano do Oriente Médio ousou revidar diretamente com uma operação militar coordenada, lançando centenas de mísseis e drones contra bases militares israelenses em território palestino ocupado, em Haifa e Tel Aviv.

Esse contra-ataque, ao contrário do que se costuma dizer na mídia ocidental, não foi um ato de provocação, mas sim uma resposta legítima à destruição do consulado iraniano em Damasco — uma violação grave do direito internacional. O ataque ao consulado matou altos oficiais da Guarda Revolucionária. Foi um ato de guerra e, como tal, teve resposta proporcional.

Além disso, o estado teocrático sionista volta a perpetrar um ato de guerra ao bombardear instalações civis e assassinar oficiais da alta cúpula da Guarda Revolucionária Islâmica.

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A ação do Irã foi cirúrgica. Os alvos foram militares e de infraestrutura: portos, aeroportos, usinas elétricas. A operação envolveu também o Hezbollah no Líbano e os Ansar Allah no Iêmen, numa demonstração clara de que a resistência islâmica está articulada e disposta a responder em bloco às agressões sionistas.

Não se trata de terrorismo nem de fanatismo religioso. Estamos diante de uma guerra revolucionária islâmica contra a ocupação e a opressão. O discurso oficial do Irã é claro: o país não busca confronto, mas tampouco aceitará ser humilhado. Reivindica o direito à defesa, ao desenvolvimento e à soberania.

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Enquanto isso, os Estados Unidos, que dizem zelar pela paz, seguem abastecendo Israel com armas e apoio diplomático incondicional. Por outro lado, Trump mandar bombardear as instalações nucleares iranianas, entre elas a usina de Fordow, foi uma declaração de guerra. Além da usina, atacou Natanz e Isfaham, importantes unidades de processamento de urânio.

A hipocrisia é evidente. Washington veta resoluções da ONU, apoia crimes de guerra e criminaliza qualquer resistência.

É preciso lembrar: o Irã é signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, mantém suas usinas sob fiscalização da ONU e defende o uso pacífico da energia nuclear. Quem ameaça o equilíbrio da região são as ogivas nucleares de Israel — essas, sim, ilegais e fora de qualquer controle internacional.

O mundo árabe e muçulmano reagiu com manifestações massivas de apoio ao Irã. Milhões foram às ruas em Teerã, Bagdá, Beirute, Sanaa, Islamabad. O apoio popular é um sinal claro de que o eixo da resistência tem legitimidade e respaldo popular, algo que as potências ocidentais insistem em ignorar.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou por contenção, mas a ONU se mostra impotente diante da intransigência de Israel e da paralisia do Conselho de Segurança. O direito internacional, mais uma vez, está sendo pisoteado diante dos olhos do mundo.

Paquistão, Turquia, Espanha, França, Itália mostraram grande preocupação com o ataque dos Estados Unidos e pediram o retorno imediato ao diálogo para solução do conflito. Igualmente a chancelaria da Federação Russa condenou energicamente os ataques dos Estados Unidos às instalações nucleares do Irã, qualificou de irresponsável a decisão do presidente Trump e avaliou que começou uma espiral de escalada perigosa que ameaça com solapar ainda mais a segurança regional e global.

Após os bombardeiros ianques, o Parlamento iraniano aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz. É uma cartada decisiva: por aí passam 30% do petróleo consumido no mundo. A decisão terá que ser aprovada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional e pelo chefe supremo, o aiatolá Khamenei.

O que está em curso não é apenas um conflito regional, mas o avanço de uma frente de resistência contra o imperialismo e a ocupação. O recado do Irã foi claro: a era da impunidade israelense está com os dias contados.

* Artigo redigido com auxílio do ChatGPT


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1957. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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