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Cantor e compositor Ednardo completa 50 anos de música, poesia, utopias e paixões

Há na música de Ednardo uma renda delicada, um lirismo herdado de além-mar, um rumor de cantigas indígenas, uma dolência afro-brasileira
Rosemberg Cariry
Diálogos do Sul Global
Fortaleza

Tradução:

Ele perfaz 50 anos de atividade artística. Está firme e forte, criativo e brilhante, após enfrentar intempéries e sobreviver à covid-19. Uma jangada firme, que teima em flutuar sobre o andar do tempo e do mar revolto de um país em crise.

A notícia de tão rica efeméride nos alegra e ao Ceará inteiro, pois afinal se trata de um dos seus mais ilustres compositores, que se destaca por sua criatividade e amor à terra, “sem ser bairrista e com lúcida emoção”, como tão bem revela a socióloga Mary Pimentel, no livro Terral dos Sonhos.

Vale dizer que Ednardo é, para nós, o que Caetano é para a Bahia – um manifesto de puro afeto e iniciação nos mistérios, belezas e tristezas de suas respectivas culturas.

Há na música de Ednardo uma renda delicada, um lirismo herdado de além-mar, um rumor de cantigas indígenas, uma dolência afro-brasileira

prefeitura de fortaleza
Ednardo – 50 Anos de música, poesia, utopias e paixões

Utopias e paixões 

A nossa geração cresceu com Ednardo, ouvindo emocionada a sua música: lírica e leve, por vezes crítica e ácida, mas portadora da crônica de uma época, traduzida em utopias e paixões.

Com ele, sabemos das ironias do Artigo 26, aprendemos a ver o “farol velho e o novo”, como os olhos do mar, viajamos em pavões misteriosos, nos maracatus encantados de falsos negrumes, somos emigrantes (bois mandingueiros) em carrocerias de caminhões, gritamos liberdade com Bárbara de Alencar e lutamos contra o autoritarismo, entoando canções que se tornaram verdadeiros hinos. 

Parem de matar índios!

A sua obra revela um intenso processo criativo do compositor, associado ao talento de seus parceiros: Brandão, Petrúcio Maia, Fausto Nilo, Belchior, Augusto Pontes, Fagner, Rodger de Rogério e tantos outros.

Há na música do Ednardo uma renda delicada, um lirismo herdado de além-mar, um rumor de cantigas indígenas, uma dolência afro-brasileira, uma conexão ousada com as contraculturas dos anos 1960-70, que resulta em uma obra toda marcada por grande originalidade e beleza; sem esquecer o seu senso de coletividade, ao agrupar pessoas em torno de ideias generosas.

A Massafeira Livre foi a expressão de um desses momentos marcantes para a cultura e a música cearense, dando voz a dezenas de artistas, de todos os gêneros e de diferentes gerações. Por tudo isso, Ednardo merece medalhas e homenagens, afetos e aplausos. Ave Ednardo!

Rosemberg Cariry é poeta, escritor, cineasta e colaborador da Diálogos do Sul


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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