“Temos que voltar às associações de bairro, sindicatos, escolas. Precisamos reaprender a falar com a classe trabalhadora e mostrar que são eles os alvos da extrema-direita”, afirma Carlos Russo Jr.
Em entrevista ao programa “Dialogando com Paulo Cannabrava” desta quinta-feira (24), o escritor alertou para a urgência de a esquerda retomar o trabalho de base e investir em novas formas de comunicação popular: “Pobre não pode votar na direita. Precisam entender isso com clareza”, reforça.
Carlos explica que a esquerda brasileira sofre de uma crise profunda de comunicação. “Desaprendemos a falar com o povo. A linguagem técnica, acadêmica, não chega às massas. Enquanto isso, a direita ocupa os espaços com uma comunicação simples e emocional, que funciona nas redes, no WhatsApp e nas igrejas”, alerta.
Ainda segundo o convidado, a atual gestão do governo brasileiro atuaria como uma “barreira temporária”, incapaz de formular um projeto nacional para combater o avanço neoliberal e frear a reorganização da extrema-direita: “O governo Lula é um governo tampão. Vivemos uma nova ditadura”, destaca. O cenário político brasileiro, nesse sentido, vive um momento de tensão institucional e retrocessos democráticos.
Extrema-direita, Atlas Network e América Latina: as hienas de Trump aguardam o apito
Na entrevista, Russo Jr. denunciou ainda o domínio conservador sobre o Congresso e a fragilidade da base governista: “A bancada democrática não chega nem a 130 votos. A esquerda virou minoria absoluta, submetida a todo tipo de chantagem.” Segundo ele, os parlamentares que assinam a proposta de anistia aos golpistas de 8 de janeiro “são golpistas assumidos” e formam uma maioria hostil à democracia.
Estamos no Telegram! Inscreva-se em nosso canal.
Carlos também comenta o papel do imperialismo na contenção do golpe: “Se Trump fosse presidente dos EUA na época da eleição de 2022, Bolsonaro teria dado o golpe. As Forças Armadas brasileiras não se tornaram democráticas, só foram impedidas porque Joe Biden não queria aquele cenário geopolítico naquele momento.”
Por fim, Carlos assinala que o problema não é apenas derrota ou desleixo: “Estamos enfrentando uma crise de civilização, onde a verdade é destruída por narrativas. Se não entendermos isso, a esquerda continuará falando sozinha”, conclui.
A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global no YouTube: