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Carlos Russo Jr.: "A direita ocupa os espaços com uma comunicação simples e emocional, que funciona nas redes, no WhatsApp e nas igrejas" (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)

Carlos Russo Jr: Precisamos reaprender a falar com o povo; são os alvos da extrema-direita

Em entrevista ao “Dialogando com Paulo Cannabrava”, o escritor critica ausência de um projeto nacional e alerta para o domínio da narrativa política pela extrema-direita

George Ricardo Guariento
Diálogos do Sul Global
Taboão da Serra

Tradução:

“Temos que voltar às associações de bairro, sindicatos, escolas. Precisamos reaprender a falar com a classe trabalhadora e mostrar que são eles os alvos da extrema-direita”, afirma Carlos Russo Jr.

Em entrevista ao programa “Dialogando com Paulo Cannabrava” desta quinta-feira (24), o escritor alertou para a urgência de a esquerda retomar o trabalho de base e investir em novas formas de comunicação popular: “Pobre não pode votar na direita. Precisam entender isso com clareza”, reforça. 

Carlos explica que a esquerda brasileira sofre de uma crise profunda de comunicação. “Desaprendemos a falar com o povo. A linguagem técnica, acadêmica, não chega às massas. Enquanto isso, a direita ocupa os espaços com uma comunicação simples e emocional, que funciona nas redes, no WhatsApp e nas igrejas”, alerta.

Ainda segundo o convidado, a atual gestão do governo brasileiro atuaria como uma “barreira temporária”, incapaz de formular um projeto nacional para combater o avanço neoliberal e frear a reorganização da extrema-direita: “O governo Lula é um governo tampão. Vivemos uma nova ditadura”, destaca. O cenário político brasileiro, nesse sentido, vive um momento de tensão institucional e retrocessos democráticos.

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Na entrevista, Russo Jr. denunciou ainda o domínio conservador sobre o Congresso e a fragilidade da base governista: “A bancada democrática não chega nem a 130 votos. A esquerda virou minoria absoluta, submetida a todo tipo de chantagem.” Segundo ele, os parlamentares que assinam a proposta de anistia aos golpistas de 8 de janeiro “são golpistas assumidos” e formam uma maioria hostil à democracia.

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Carlos também comenta o papel do imperialismo na contenção do golpe: “Se Trump fosse presidente dos EUA na época da eleição de 2022, Bolsonaro teria dado o golpe. As Forças Armadas brasileiras não se tornaram democráticas, só foram impedidas porque Joe Biden não queria aquele cenário geopolítico naquele momento.”

Por fim, Carlos assinala que o problema não é apenas derrota ou desleixo: “Estamos enfrentando uma crise de civilização, onde a verdade é destruída por narrativas. Se não entendermos isso, a esquerda continuará falando sozinha”, conclui.

A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global no YouTube:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

George Ricardo Guariento Graduado em jornalismo com especialização em locução radiofônica e experiência na gestão de redes sociais para a revista Diálogos do Sul Global. Apresentador do Podcast Conexão Geek, apaixonado por contar histórias e conectar com o público através do mundo da cultura pop e tecnologia.

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