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Carta a Zarattini: amigo revolucionário e companheiro de luta

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

“O companheiro Zarattini dedicou toda sua vida ao Brasil e ao combate ao imperialismo, como ele fazia questão de destacar. Polêmico, mas sempre buscando a unidade. Honro sua memória, continuando sua luta”.

José Dirceu*

José Dirceu1Acabo de receber a notícia do falecimento do companheiro Ricardo Zarattini, com quem tive uma longa e grata amizade e laços políticos de luta e combate.

Conheci Zarattini na troca do embaixador estadunidense quando fomos libertados, mas ele já era um revolucionário de longa data. Fora presidente da UEE [União Estadual dos Estudantes], esteve na linha de frente da luta “O petróleo é Nosso”. Combateu o golpe de 1964. Preso em 1968, torturado, fugiu. Veio para São Paulo. Preso de novo em abril de 1969, foi barbaramente torturado de novo, agora na “Cadeira do Dragão”.

Em Cuba, tive o privilégio de conviver com Zarattini e aprender com ele, sempre buscando saídas para nossa luta. Militou no PCB, PCBR, ALN, Tendência Leninista.WhatsApp Image 2017-10-15 at 16.49.22

Em 1974, Zarattini volta para o Brasil clandestino e reinicia a luta. Edita jornais e busca a unidade dos revolucionários. É preso novamente com Dario Canale, militante comunista italiano que eu conheci na década de 1960 na ALN.

Na Constituinte, foi assessor do PT. Trabalhou na assessoria do PDT e foi eleito suplente de deputado em 2003 pelo PT. Assumiu em 2004 e fiz questão de estar presente. No dia de seu aniversário, em 2013, fez um ato político em apoio a nós, condenados na AP 470, mais conhecida como Mensalão. Um desagravo e um chamado à solidariedade.

Esse era o Zara, já então “o VELHO”, como o chamávamos com respeito e reverência. Toda uma bela vida dedicada ao Brasil e ao combate ao imperialismo, como ele fazia questão de destacar. Sua razão de ser foi a revolução e dedicou todos seus últimos anos, meses e dias ao PT.

Eu, pessoalmente, não tenho palavras para expressar minha gratidão ao Zarattini, meu amigo e companheiro. Lembro dele em Cuba, alegre, sempre debatendo, estudando, escrevendo. Corajoso, mas humilde, Zara era um homem charmoso e nos envolvia com seu carinho e amizade.

Polêmico, mas sempre buscando a unidade. Já sentia sua falta pela distância, agora honro sua memória continuando sua luta.

Até mais Zara! É o Zé, teu camarada de luta!

 
*José Dirceu é advogado.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Revista Diálogos do Sul

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