Mesmo após as pessoas negras finalmente sermos maioria nas universidades públicas no país, em pouco mais de uma semana, acompanhamos casos como o de Preta Ferreira, (cantora e ativista negra impedida de viajar com a passagem adquirida por seu empresário), Lorenna Vieira (empresária retirada do banco Itaú pela polícia civil) e Isabel Sabino de Sousa (mulher grávida agredida por um policial militar no interior de São Paulo) serem destaques na mídia por enfrentarem o racismo no Brasil.
Em vídeo ao vivo para a TV Diálogos do Sul, o editor da revista Paulo Cannabrava Filho criticou as instituições brasileiras. “Racismo é crime hediondo em todos os lugares do mundo, e o que está acontecendo no Brasil hoje é uma ampliação dos casos por causa da impunidade”, diz.
E como lutamos contra isso? “Temos que protestar e processar as pessoas que desrespeitam as leis, mesmo sendo elas as mais poderosas”, explica o jornalista. “Temos que nos libertar da servidão intelectual, que é a pior de todas, e nos libertar desse conceito escravagista. O poder do Estado tem que ser para garantir o bem-estar da população.”
Montagem: Diálogos do Sul
racismo constitui crime inafiançável e imprescritível
Cannabrava explica que casos como os citados acima são habituais no país porque os brancos “chegaram no Brasil matando os índios, escravizando os negros e essa mentalidade escravocrata está no cerne do racismo das nossas elites. Eles não admitem que os pobres e, principalmente os pobres que não são brancos, possam ser alguma coisa na vida, estão roubando espaço deles”, explica.
Ajuda gratuita
A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível. Cannabrava explica que além de protestar, também é preciso ir atrás de direitos. “Procure um advogado e faça um [Boletim de Ocorrência] B.O. Não podemos deixar que esses atos de racismo fiquem impunes”.
Existem formas de ajuda gratuitas oferecidas por organizações como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ou a OAB Mulher, através do e-mail ouvidoria@oabsp.org.br ou a defensoria pública, que pode ser acionada pelo número 0800 773 4340. Também há a ajuda oferecida por centros acadêmicos de universidades, como Centro Acadêmico XI de Agosto e organização dos negros, como a Geledés – Instituto da Mulher Negra.