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Castillo x Fujimori: Peruanos vão às urnas no próximo domingo para decidir quem será nova liderança do país

Em 5 dias ocorrerá o segundo turno do processo eleitoral iniciado em 11 de abril passado no Peru
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul Global
Lima

Tradução:

Em 5 dias ocorrerá o segundo turno do processo eleitoral iniciado em 11 de abril passado no Peru. Em tal circunstância, a cidadania terá que optar por uma das duas opções em jogo. Nas suas mãos está a decisão, e seguramente será bem tomada em função dos verdadeiros interesses nacionais.

A mais bem financiada das campanhas registradas nesta etapa da vida nacional corresponde a Keiko Fujimori. No início, ele pretendeu convencer os peruanos que não devia haver nenhuma mudança: não há que mudar a Constituição, o regime econômica, nem o “modelo de desenvolvimento”.

A rota está traçada, disse, e há que marchar por ela “superando as administrações que fizeram uma má gestão”. A culpa foi de pessoas, e não do sistema, pretendeu assegurar-nos, e as pessoas lhe deram as costas.

Para o segundo turno modificou sua opção. Reconheceu expressamente que era inevitável admitir uma mudança. Mas disse que ela devia ser “para a frente”. No entanto, ocorre que o regime neoliberal que foi imposto pelo seu pai, e seguido depois, deixou o Peru à beira do abismo. Seu “passo para a frente” nos precipitaria a um abismo sem fundo.

Consciente disso, Pedro Castillo assegura que a mudança deve ser outra. Não há que marchar “para a frente”, nem “para atrás”. Há que mudar de rumo. O que equivale a fazer uma mudança verdadeira. Marchar por outra rota. Buscar um rumo distinto que nos permita construir um futuro digno para todos os peruanos.

Essa es, finalmente, a disjuntiva em que estamos hoje todos os peruanos.

O Keikismo encarna o passado. Um passado de crise e de derrota, de corrupção e de crime, de terror e de violência, de latrocínios constantes e de processos judiciais iniciados por sucessivas denúncias contra governantes e políticos que envileceram a vida nacional.

Em 5 dias ocorrerá o segundo turno do processo eleitoral iniciado em 11 de abril passado no Peru

El Comercio
Em 5 dias ocorrerá o segundo turno do processo eleitoral iniciado em 11 de abril passado no Peru.

Escolher essa opção, implicaria escolher esse “modelo” assegurando que é consubstancial à “democracia” e à “liberdade”. Como se fosse um dever escolher personagens sinistras, se o que queremos é simplesmente viver.

Por isso a escolha desse “modelo” seria incompatível com o sentido da dignidade e da justiça. E isso se percebe no ambiente. E foi proclamado por populações que se negaram a receber a promotora do que seria uma verdadeira afronta à mais elementar decência política.

Nesta campanha, Keiko Fujimori tem mostrado ter ao seu lado toda a politicagem responsável pelo desgoverno que hoje impera. E ostentou muitíssimo dinheiro. E contou com o apoio da “Grande Imprensa”, do empresariado corrupto e do pior da classe dominante.

Ela mostra que pode domesticar alguns, que foram seus ferozes críticos no passado. Os envileceu e mostrou seus rostos como um desastre.

Keiko percorreu o país olhando com desprezo o povo e atacando Castillo e Cerrón, vomitando fogo contra Cuba e Venezuela, difamando o socialismo e a protesta popular. Transformando em crimes os protestos populares. No extremo, suas “veterinárias” se negaram a atender os cachorros comunistas.   

Mas Castillo só teve povo. Percorreu o país falando com as pessoas. Se algum mérito se poderia resgatar para o futuro, é haver despertado a esperança em milhões, resgatado a vontade de luta de homens e mulheres aletargados por muitos anos de derrotas e frustrações, recuperado a força da unidade, da organização e da consciência de organizações e segmentos sociais secularmente vencidos.

Por isso, enquanto Keiko foi seguida por caravanas de luxuosos veículos com manifestantes importados, e bem remunerados, Castillo foi recebido por multidões em todos os cantos do país onde esteve.

Segundo confirmam as pesquisas, o apoio a Castillo é registrado em todas as cidades do Peru, menos em Lima. Se acreditamos de verdade nesse prognóstico, a vitória de Peru Livre seria a expressão natural de uma verdadeira vontade nacional.

Embora pareça difícil, Lima não é irredutível, mas mesmo que não ganhe na capital, poderá alcançar a vitória porque o resto do Peru sustenta seu empenho.

O desespero da direita mais reacionária é ostensivo. Toda noite ladram nos programas de TV os Beto Ortiz, os Phillips Butthers e as Milagros Leiva. Mas o medo se expressa também em diabólicas ações. O que aconteceu no VRAEM é uma expressão disso. Mas outras coisas ainda piores poderiam acontecer.

Por agora, manipula as pesquisas e inventa um “empate técnico” de última hora. Busca criar as condições para dizer no final que Keiko “ganhou por um pelo”. Isso só seria possível com uma fraude descomunal e levaria a um governo usurpador que a população não aceitaria.

Seguindo aqueles que souberam libertar os povos – devemos agir ante esse desafio com “a cabeça fria, e o coração ardendo”.

Ninguém poderá arrebatar aos peruanos uma vitória que parece ao alcance da mão. Sem falsas ilusões, há que incubar o otimismo

E, sobretudo, outorgar um voto de confiança ao povo.

Em suas mãos está o futuro do Peru, a Pátria de Túpac Amaru, Micaela Bastidas, Juan Santos Atahualpa, José Olaya Balandra, Miguel Grau, José Carlos Mariátegui e César Vallejo. Com o nome deles nos lábios, falarão milhões.

*Colaborador de Diálogos do Sul de Lima, Peru.  


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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