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A ocupação israelense e o governo dos Estados Unidos estão conduzindo um projeto sistemático de destruição de Gaza e extermínio de seu povo (Foto: Saeed Jaras)

Centros de ajuda se transformam em campos de execução: Washington lidera os massacres em Gaza

Os EUA já não são apenas financiadores do genocídio: tornaram-se um agente central em sua execução, transformando locais que deveriam proteger civis em armadilhas para atrair e exterminar sobreviventes

Wisam Zoghbour
Diálogos do Sul Global
Gaza

Tradução:

Em mais um crime que se soma ao histórico sangrento e brutal da ocupação israelense, suas forças cometeram, na manhã desta segunda-feira (2), um massacre horrendo diante do que se chama, falsamente, de “Centro de Ajuda Humanitária dos Estados Unidos”, no oeste de Rafah, em paralelo a crimes de extermínio ao longo do eixo de Netzarim, no centro da Faixa de Gaza. Esses massacres resultaram no martírio de mais de 30 civis e deixaram mais de 115 feridos — a maioria crianças, mulheres e deslocados que haviam fugido do inferno da guerra em busca do que acreditavam ser um refúgio seguro.

Mas a verdade foi mais letal do que o bombardeio. O que ocorreu não foi um “erro de cálculo”, como alardeiam os porta-vozes da justificação, mas sim um crime de assassinato em massa cuidadosamente planejado, executado em coordenação direta com o governo dos Estados Unidos e sob uma cobertura política e midiática que normaliza e encobre o assassinato. Os centros de ajuda não passam de fachadas falsas que ocultam câmaras de morte coletiva, operadas por um aparato de inteligência e forças militares estadunidenses que participam do genocídio com presença direta no terreno.

Washington, que ainda alega humanismo e papel de mediação, já não é apenas financiadora da guerra de extermínio em curso — tornou-se um agente central em sua execução, ao administrar locais que deveriam proteger civis e transformá-los em armadilhas sangrentas para atrair e exterminar sobreviventes. Estamos diante de “ajuda assassina” e “alimentos armadilhados”, que não visam saciar a fome, mas quebrar a vontade, numa equação infernal: “pão em troca de submissão… ou balas.”

Num quadro que revela o grau de degradação moral dos EUA, o enviado americano ao Oriente Médio, Steve Wietkoff, publicou um tuíte atacando a resposta do Hamas à proposta de cessar-fogo, classificando-a como “inaceitável”. Como se dezenas de milhares de mártires, centenas de massacres e milhares de toneladas de explosivos não fossem suficientes para convencê-lo de que a máquina de morte que ele defende precisa ser urgentemente contida — e responsabilizada internacionalmente.

O que está acontecendo hoje em Gaza é um crime de genocídio cometido às vistas e ouvidos do mundo, sem disfarces, e com a cumplicidade escancarada de países que alegam defender os direitos humanos, mas se mantêm em silêncio diante de um dos crimes mais atrozes deste século.

A responsabilidade plena por esses massacres recai sobre a ocupação israelense e o governo dos Estados Unidos, que estão conduzindo um projeto sistemático de destruição de Gaza e extermínio de seu povo. O silêncio já não é uma opção. Já não é aceitável receber ajuda que se converteu em instrumento de assassinato sistemático.

O dever do mundo livre, hoje, é agir imediatamente para deter o derramamento de sangue, julgar os assassinos e transferir a responsabilidade pela distribuição da ajuda humanitária às Nações Unidas e suas agências – em especial à UNRWA –, a fim de garantir que essa ajuda chegue com dignidade, sem transformar os palestinos em reféns da equação: “vida em troca de lealdade, ou fome em troca de morte.”

Edição de texto: Alexandre Rocha


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Wisam Zoghbour Jornalista, membro da Secretaria-Geral do Sindicato dos Jornalistas Palestinos e diretor da Rádio Voz da Pátria.

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