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Ministro de Segurança Pública: "Não temos registro de uma estrutura criminosa com essas características dentro de uma instituição armada" (Exército chileno - Foto: Ministério da Defesa do Chile)

Chile prende militares acusados de narcotráfico; droga chegava do Brasil e do Peru

Grupo atuava como “estrutura criminosa de transporte”, uma “situação extremamente grave pois compromete uma das instituições relevantes do país”, afirmou o ministro de Segurança Pública do Chile, Luis Cordero

Aldo Anfossi
La Jornada
Santiago

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Seis suboficiais do Exército do Chile foram detidos na segunda-feira (23) e acusados de integrar um bando de narcotraficantes dedicado à entrada de drogas no país pelas fronteiras com o Peru e a Bolívia — uma situação sem precedentes no país e que acendeu o sinal de alerta pela gravidade que representa a infiltração do crime organizado nas forças armadas.

“Os fatos objeto desta investigação são extremamente graves, pois comprometem uma das instituições relevantes do país, como é o Exército do Chile”, reagiu o ministro de Segurança Pública, Luis Cordero.

Os suboficiais, que foram desligados da corporação, pertenciam à Brigada Blindada “Cazadores”, sediada na localidade de Pozo Almonte, 1.700 quilômetros ao norte da capital, na região de Tarapacá. A partir dali, organizavam operações logísticas para transportar por rodovia os entorpecentes até Santiago.

No momento da prisão, foram apreendidos com eles 161 quilos de cocaína e quase 30 de pasta base — montante avaliado em cerca de 3 milhões de dólares —, além de veículos adaptados para o transporte e ocultamento da droga.

O ministro Cordero assegurou que foi um “esforço de controle interno” que permitiu detectar o funcionamento da organização criminosa na zona norte do país, e afirmou que “para o governo, esta é uma situação delicada do ponto de vista institucional”.

Ainda segundo Cordero, o grupo atuava como “estrutura criminosa de transporte”, e admitiu: “não sabemos os alcances” da organização dentro das forças armadas, ou seja, “quem faz o ponto de contato e qual é o destino final”.

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Trata-se de algo “complexo, delicado”, acrescentou, porque “afeta uma unidade militar situada na zona de fronteira”. “Não temos registro de uma estrutura criminosa com essas características dentro de uma instituição armada. A preocupação é qual é o ponto de contato que permitia operar dessa maneira e qual era o destinatário final”, asseverou.

O Ministério Público informou que a investigação foi possível graças a uma denúncia apresentada pelo próprio Exército, com base em interceptações telefônicas, vigilância e monitoramentos. Esses procedimentos permitiram identificar um civil que atuava como financiador.

Os seis ex-militares e o civil detido serão transferidos para a cidade de Iquique, capital da região de Tarapacá, onde serão formalmente processados.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Aldo Anfossi

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