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ToggleA China advertiu, na última sexta-feira (7), que responderá com contramedidas caso os EUA continuem impondo tarifas, alertaram o chanceler chinês, Wang Yi, e o ministro do Comércio, Wang Wentao, que acrescentou: “não há ganhadores em uma guerra comercial”.
No âmbito do encontro político mais importante da China, as Duas Sessões, realizado nesta capital, os dois funcionários concederam separadamente uma entrevista coletiva, na qual abordaram a relação diplomática com os Estados Unidos.
O chanceler Wang Yi destacou que seu país adotou políticas “muito restritivas” em relação ao fentanil, motivo pelo qual os Estados Unidos “devem encarar o problema e não impor tarifas sem motivos justificados”. Também afirmou que os EUA precisam analisar suas decisões, como, por exemplo, se a imposição de tarifas ajudou a reduzir a inflação ou a melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos.
“Se optarem pela cooperação, serão alcançados benefícios, mas, caso contrário, responderemos com contramedidas. Conflitos e confrontos não devem ser uma opção. Os Estados Unidos precisam ter consciência e enxergar objetivamente o desenvolvimento da China, a fim de lidar com a questão de forma justa e beneficiar ambos os países e o mundo inteiro”, afirmou Wang Yi, acrescentando que não se deve explorar ou intimidar países mais frágeis.
Um dia antes, o ministro do Comércio, Wang Wentao, mencionou que as decisões de Washington representam uma “chantagem”, resultado de uma ação unilateralista que causou “grandes danos”. “Não é uma política muito inteligente. Os mercados financeiros nos Estados Unidos sofreram uma queda após a adoção dessas medidas tarifárias, e ninguém sairá beneficiado.”
Ele informou que o diálogo para um possível encontro entre as duas nações continua, com o objetivo de promover o desenvolvimento saudável das relações comerciais, que cresceram 18% desde 2017, mas ainda não há datas previstas.
China rejeita “Doutrina Monroe”
Ao falar sobre a América Latina, o chanceler chinês, Wang Yi, afirmou que os povos da América Latina e do Caribe “não são o quintal de ninguém”. “O que os povos da América Latina e do Caribe querem construir é seu próprio lar. O que os países esperam é independência e autodeterminação, e não a Doutrina Monroe.”
“A cooperação entre a China e a América Latina e o Caribe tem sido bem recebida porque respeita a vontade desses povos. Além disso, atende às necessidades dos países e oferece uma opção confiável e uma perspectiva ampla para a revitalização da região.”
Ele ressaltou que essa cooperação se caracteriza pelo apoio mútuo e “não tem nenhum cálculo geopolítico”, pois a China busca ganhos compartilhados, “nunca busca uma esfera de influência nem age contra nenhuma parte”.
Rússia e guerra na Ucrânia
Em sua mensagem de mais de uma hora, Wang Yi também falou sobre a relação diplomática com a Rússia, que, segundo ele, não mudará apesar da situação internacional.
“No mundo atual, tão mutável e turbulento, a diplomacia estará do lado certo da história e proporcionará segurança em meio à incerteza global”, afirmou, destacando que a China não cede a provocações nem se deixa intimidar por pressões externas.
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“Não poderão deter nosso avanço histórico para a grande nação chinesa. Demonstramos com fatos que o desenvolvimento pacífico garantirá a sustentabilidade. Seremos uma força progressista, defenderemos o multilateralismo e o bem-estar dos povos”, declarou Wang Yi, lembrando que o país asiático realizou 130 encontros com líderes de outras nações.
Sobre a guerra na Ucrânia, o chanceler ressaltou a postura política de seu governo, que classificou como “serena e equilibrada”, sempre apostando na geração de consensos entre as partes.
“A China saúda todo esforço genuíno em prol da paz, mas este conflito envolve questões complexas. A China está disposta a apoiar a busca por uma paz duradoura, mas ambas as partes precisam demonstrar consciência.”
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