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ToggleOs mandatários da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, realizaram nesta terça-feira (21) uma videoconferência, como tradicionalmente fazem no início de cada ano, para avaliar a relação bilateral nos 12 meses anteriores e analisar os desafios comuns para 2025.
O formato e o dia escolhidos para esta ocasião não parecem casuais, já que Moscou e Pequim quiseram demonstrar a boa sintonia entre seus líderes, que se tratam mutuamente como “querido amigo”, e a disposição de estreitar a cooperação estratégica entre essas duas potências nucleares, no dia seguinte ao seu homólogo estadunidense, Donald Trump, ter atraído os holofotes da mídia mundial ao tomar posse da Casa Branca, em Washington.
No vídeo divulgado pelo serviço de imprensa do Kremlin, os governantes destacam que o fundamento da cooperação entre Moscou e Pequim é “uma ampla coincidência de interesses nacionais e de pontos de vista sobre o que devem ser as relações entre as grandes potências”, fórmula proposta por Xi e que Putin também adotou.
Para o governante chinês, “as relações entre China e Rússia, cujo núcleo é a eterna boa vizinhança e amizade, a interação estratégica integral e a cooperação mutuamente benéfica, estão adquirindo força”.
Ordem mundial multipolar equitativa
O chefe do Kremlin acrescentou: “Construímos nossos vínculos com base na amizade, confiança e apoio, igualdade e benefício recíproco. Isso é suficiente por si só e não depende de fatores políticos internos nem da atual situação global”.
Na opinião de Putin, a coordenação em matéria de política externa e os esforços conjuntos de Rússia e China “desempenham um papel importante de estabilização nos assuntos internacionais”.
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Após agradecer mais uma vez o apoio chinês à presidência russa no Brics, o chefe do Executivo da Rússia enumerou: “Estamos coordenando nossos passos em outras plataformas multilaterais: na Organização das Nações Unidas (ONU) e seu Conselho de Segurança, na Organização de Cooperação de Xangai (OCS), no Grupo dos Vinte (G20) e no Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC)”.
Putin sublinhou: Moscou e Pequim “advogam por construir uma ordem mundial multipolar mais equitativa; trabalhamos em prol de garantir a segurança indivisível no espaço euroasiático e no mundo como um todo”.
Reforço da multipolaridade
Por sua vez, o chefe de Estado chinês declarou: “Junto com nossos colegas russos, defenderemos o sistema internacional centrado na Organização das Nações Unidas, protegeremos a vitória na Segunda Guerra Mundial conquistada com o sangue e as vidas de milhões de pessoas, e resguardaremos os direitos da China e da Rússia como países fundadores da ONU e membros permanentes de seu Conselho de Segurança”.
Ele acrescentou: “Neste novo ano, estamos nos preparando junto com vocês para levar as relações sino-russas a um novo patamar” e destacou que Pequim e Moscou “têm a intenção de enfrentar a incerteza externa com base na estabilidade, visando o desenvolvimento e a prosperidade de ambos os países”.
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Os líderes russo e chinês optaram por não comentar os desafios representados por seu colega estadunidense ou às suas ações desmedidas, seja por meio do grande número de ordens executivas assinadas na segunda-feira ou de declarações à imprensa.
Já o chanceler da Rússia, Sergey Lavrov, ao término de suas conversas em Moscou com seu homólogo armênio, Ararat Mirzoyan, comentou, a pedido de repórteres, os primeiros decretos de Trump e a retirada dos Estados Unidos de vários organismos e tratados internacionais: “É evidente que isso é um indicador dos métodos que o presidente Trump e sua administração pretendem usar para promover os interesses dos EUA no cenário global”.
Para Lavrov, os interesses de Washington nunca mudam, independentemente de quem seja o ocupante da Casa Branca, seja ele republicano ou democrata. “O único objetivo que eles perseguem é ser sempre mais fortes que qualquer rival”, concluiu.
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