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Ato pró-imigrantes na cidade de Los Angeles em 2013 (Foto: SEIU Local 99 / Flickr)

Cidades “santuário” para imigrantes se preparam para barrar ofensivas de Trump

Também há ações a nível estadual: na Califórnia, líderes buscam mais fundos para proteger a população imigrante das deportações em massa ameaçadas por Trump
David Brooks, Jim Cason
La Jornada
Nova York

Tradução:

Beatriz Cannabrava

A legislatura estadual da Califórnia está realizando uma sessão especial em preparação para a ofensiva contra imigrantes que esperam de Donald Trump. A junta escolar em Chicago prometeu que não permitirá que agentes migratórios tenham acesso às escolas, e, por todo o país, governadores, prefeitos e outros políticos estaduais, locais e federais, entre outros, estão afirmando que resistirão às redadas, detenções e deportações massivas de imigrantes que o próximo governo em Washington promete realizar.

“Chicago é uma cidade santuário e Illinois é um estado inclusivo para imigrantes”, declarou o deputado federal Jesús Chuy García às comunidades que representa, lembrando que é o primeiro imigrante mexicano eleito como deputado no Meio-Oeste do país. “Eu continuarei trabalhando com outros líderes eleitos, locais, estaduais e com o governador para manter nossas comunidades e nosso estado como um lugar onde os imigrantes são bem-vindos e respeitados. Não nos intimidarão, nem baixaremos a guarda.”

Em resposta às ameaças anti-imigrantes de Trump e de quem será seu “czar fronteiriço”, Tom Homan, de que duplicarão a presença de agentes de imigração em cidades que se declararam “santuários” para imigrantes indocumentados, o prefeito de Chicago, Brandon Johnson, comprometeu-se a defender todos os residentes de sua cidade contra os ataques do próximo presidente e seu governo. Calcula-se que há cerca de 257 mil imigrantes indocumentados em Chicago.

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, convocou uma sessão especial da legislatura estadual no início de dezembro para começar a promulgação de leis que aprovem mais fundos para proteger os californianos contra deportações massivas e para defender os chamados “Dreamers” – que chegaram ao país de forma irregular quando eram menores de idade – antes de 20 de janeiro, quando Trump assumirá a Casa Branca. O governador destacou que, durante o primeiro mandato de Trump, o presidente tentou suspender fundos federais ao estado para forçar a modificação de leis estaduais sobre temas como imigração e meio ambiente, às quais se opunha. O estado gastou mais de 40 milhões de dólares para se defender de 122 ações judiciais movidas pelo então presidente e seus aliados.

Este mês, a legislatura da Califórnia aprovará fundos para advogados encarregados de proteger “os valores da Califórnia, a economia estadual, os direitos fundamentais, a liberdade reprodutiva, o acesso a água e ar limpos e as famílias trabalhadoras – incluindo as famílias imigrantes”. Pouco depois de Trump vencer a eleição presidencial, o governo municipal de Los Angeles votou de forma unânime para reafirmar sua definição como “cidade santuário” para imigrantes e para a comunidade LGBTQIA+, proibindo que qualquer recurso da cidade seja utilizado em operações contra essas comunidades. Calcula-se que cerca de 950 mil residentes de Los Angeles são indocumentados.

As cidades de Filadélfia e Boston declararam oficialmente que proibirão o uso de recursos municipais para perseguir imigrantes. Em Boston, estima-se que cerca de 173 mil são imigrantes indocumentados; em Filadélfia, calcula-se que sejam 47 mil.

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Peões de Trump

Por sua vez, a governadora de Massachusetts declarou que “absolutamente não” se deve ajudar Trump a realizar sua ambição de deportações massivas, em entrevista à MSNBC.

Após um repórter informar ao prefeito de Denver, Colorado, Mike Johnston, que o “czar fronteiriço” Homan havia dito estar disposto a prender pessoas que obstruírem as deportações massivas, o prefeito respondeu que continuará protestando e que está preparado para ser preso por isso. “Se ocorrerem coisas que são ilegais, imorais ou contrárias aos valores americanos em nossa cidade, com certeza me manifestarei contra, e esperaria que outros residentes façam o mesmo”, comentou Johnston à emissora local 9News. “Conversei com alguns estudantes do ensino médio esta semana que estavam aterrorizados com tudo isso. Não acredito que esses jovens ficarão parados assistindo três de seus colegas serem retirados de uma aula de história enquanto os outros 27 permanecem quietos. Não penso que o povo de Denver ou os americanos fariam isso nesse contexto”.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.
Jim Cason Correspondente do La Jornada e membro do Friends Committee On National Legislation nos EUA, trabalhou por mais de 30 anos pela mudança social como ativista e jornalista. Foi ainda editor sênior da AllAfrica.com, o maior distribuidor de notícias e informações sobre a África no mundo.

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