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Imagens: Governo da Colômbia / Wirestock-Freepik

Colômbia: Coca-Cola pode ter extraído 279 mil litros de água por dia enquanto povo sofre cortes

Autoridades da Colômbia conduzem investigação contra a Manantial, engarrafadora pertencente à Coca-Coca acusada de extrair água "sem restrições"
Redação Página 12
Página 12
Buenos Aires

Tradução:

Ana Corbisier

O governo da Colômbia iniciou uma investigação contra uma marca pertencente à Coca-Cola pela suposta extração de milhares e milhares de litros de água, em tempos de seca e racionamento.

A popular marca de refrigerantes foi alvo de críticas após uma investigação jornalística que apontou a engarrafadora Manantial, pertencente à Coca-Cola, como responsável pela extração de milhares e milhares de litros de água “sem restrições” em La Calera, uma vila próxima a Bogotá.

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Na capital colombiana e seus arredores, milhões de pessoas sofrem cortes de água desde abril, devido ao baixo nível dos reservatórios e à falta de chuvas. A investigação será conduzida pela autoridade ambiental conhecida como CAR, a Corporación Autónoma de Cundinamarca.

“Na norma está claro que o uso prioritário deve ser para o consumo humano e não para atividades industriais”, disse Alfred Ballesteros, diretor da CAR, em declarações à imprensa.

Imprensa na Colômbia denunciou Coca-Cola

No dia 11 de agosto, o portal jornalístico Vorágine informou que a Manantial, uma das sete engarrafadoras que a Coca-Cola tem na Colômbia, estava extraindo mais de 279 mil litros diários de água em um riacho de La Calera no meio da emergência.

A CAR realizará um “estudo hidrológico da microbacia para entender qual é a oferta hídrica, qual é a demanda e com base nisso estabelecer se há água suficiente em primeiro lugar para as comunidades e em segundo lugar para outro tipo de usos”, acrescentou seu diretor. “Como autoridade ambiental, me preocupa mais que as pessoas tenham acesso à água potável e não podemos privilegiar o uso de uma empresa privada acima da comunidade”, afirmou.

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A Manantial tem licença para extrair 3,23 litros de água por segundo em La Calera desde 1981. A multinacional americana não se manifestou publicamente sobre a reportagem, que cita camponeses da região afetados pela seca.

Segundo Ballesteros, para meados de setembro está programada uma visita à engarrafadora para verificar se a mesma cumpre com as medidas de compensação ambiental estipuladas pela lei.

Página/12, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Redação Página 12

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