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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro (Foto: Presidência da Colômbia / Flickr)

Com defesa de imigrantes, Petro age em prol de toda Humanidade, aponta líder colombiano

Ainda segundo o assessor do Ministério da Agricultura da Colômbia, Héctor Mondragón, postura altiva de Petro em relação a Trump, oligarquias e cartéis é crucial para paz e soberania regional
Leonardo Wexell Severo
ComunicaSul
São Paulo (SP)

Tradução:

“O triunfo de Trump intensifica as contradições dentro e fora dos EUA, como ficou explicitado quando tentou expulsar os dois milhões de palestinos da Faixa de Gaza, intensificar seu genocídio, asfixiar o Canadá, intervir no México e em Honduras, entre outras atrocidades. Daí a importância do governo Gustavo Petro se levantar em defesa da paz, dos imigrantes, do desenvolvimento soberano dos nossos países e de toda a Humanidade”.

A afirmação foi feita pelo assessor do Ministério da Agricultura da Colômbia, Héctor Mondragón, numa roda de conversa, no final da tarde de quinta-feira (6), em São Paulo, sobre a onda de desinformação que paira sobre a situação vivida em seu país.

Recordando que “não existe um colombiano que não tenha um parente imigrante”, Mondragón frisou que este fenômeno “é uma questão prioritária para a Humanidade”, diante da qual devemos “ampliar e fortalecer a mobilização popular, ao mesmo tempo que a integração dos nossos países e povos contra o fascismo”.

“Assim como Hitler disse que enviaria para os campos de concentração o pior dos judeus, agora qualquer um pode ser o pior do pior, com os imigrantes algemados dos pés às mãos, passando pela cintura, sendo deportados ou enviados para a prisão de Guantánamo. Foi contra isso que o presidente Petro se contrapôs”, declarou.

Diante de posturas altivas como esta de Petro, enfrentando a oligarquia nacional e os cartéis transnacionais, apontou Mondragón, “o Congresso da Colômbia – dominado por interesses alheios aos do país – quer mergulhar o país numa crise fiscal ao não aprovar pela primeira vez o Orçamento da República”.

“Sob argumento de que ‘já pagam imposto’, os parlamentares da direita querem impedir a cobrança de royalties das empresas petrolíferas e de mineração [como o carvão]. Mas royalty não é imposto!

“Narcotráfico e mineração ilegal atuam contra paz e avanços na Colômbia”, adverte reverendo

Barrar esta entrada de recursos visa comprometer o orçamento público às vésperas das eleições”, esclareceu. “Isso quando o setor agrícola cresceu 10%, o que só aconteceu na China e no Vietnã”, o salário mínimo teve um aumento real de 4,5% – contra 2,5% no Brasil – e a jornada de trabalho foi reduzida para 42 horas em 2026.

Entre outros marcantes avanços, enfatizou, “conseguiu modificar a situação dos idosos e das crianças mais pobres, através do Auxílio da Reforma das Pensões e do Instituto de Bem-Estar familiar”. “São conquistas muito marcantes e expressivas”, reiterou.  

Encontro da reforma agrária em Chicoral

Nos dias 21 e 22 de fevereiro, em Chicoral (Colima), lideranças camponesas, indígenas e afrodescendentes, todos os comitês de Reforma Agrária e 20 associações do setor agropecuário estarão debatendo com os ministérios da Agricultura, da Cultura e do Meio Ambiente o “Pacto pela Terra e pela Vida”.

O objetivo é acelerar o projeto de Reforma Agrária, liderado por Petro, “boicotado pelos grandes latifundiários e por setores que vêm lucrando com o narcotráfico e a mineração ilegal” e fazer de 2025 o Ano da Agricultura Familiar, Camponesa, Étnica e Comunitária.

Emergência em Catatumbo: confronto entre ELN e ex-FARCs desloca 36 mil na Colômbia

Em relação às dezenas de assassinatos ocorridos em Catatumbo, “onde temos 50 mil deslocados, pessoas que necessitaram abandonar suas casas e suas terras”, Mondragón denunciou a prática de grupos guerrilheiros que já tiveram ao longo da sua história vínculo com a luta de libertação nacional e que hoje fazem o jogo da extrema-direita e dos Estados Unidos, colocando em crise “o projeto de Paz Total, chave do Pacto Histórico, que o implementou e desenvolveu”.

Assim, ao invés de algumas organizações guerrilheiras entregarem as armas, “adotaram uma prática exatamente igual dos paramilitares”, “entregando na bandeja um argumento contundente, o discurso do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), que o processo de paz fracassou”.

“Temos que assumir uma responsabilidade coletiva e Petro demonstra estar claramente comprometido com a paz ao ordenar o exército tomar a direção da zona. Petro não vai agredir a população civil, não vai bombardear a área, mas entrar com programas sociais e institucionais, sem permitir que grupos armados controlem as finanças – de subornos a petrolíferas, pois a área é rica em petróleo – de outro grupo guerrilheiro”, explicou.

De acordo com Héctor Mondragón, uma das questões centrais para avançar na consciência crítica e romper com a enorme desinformação que paira sobre a situação colombiana, é “enfrentar o monopólio dos meios de comunicação, que se perfilam ao fascista Elon Musk, e visam contradizer as medidas populares que vêm sendo adotadas pelo governo”.

Eleições no Equador 2025: confira as últimas notícias.

“Querem ter o controle da Colômbia para que seja executada uma política externa diametralmente oposta à que vem sendo aplicada, querem nosso território para agredir países vizinhos”, acrescentou.

Héctor Mondragón, histórico batalhador pelos direitos humanos e atual assessor do Ministério da Agricultura da Colômbia (Foto: Leonardo Wexell Severo)

Para o jurista Pietro Alarcón, representante internacional da União Patriótica (UP) – membro da coalizão Pacto Histórico – integrado por organizações como o Partido Comunista, a Colômbia Humana, o Polo Democrático, de forças que se desligaram de segmentos tradicionais, como o Partido Liberal, e comprometidas a pôr fim à guerra civil – “desde 2016, quando se assinou o Acordo de Paz, há uma nova etapa de vida no país, em que a palavra, o diálogo e a política se sobrepõem às armas”.

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Um projeto de reconciliação arduamente construído após a UP ter sofrido a perseguição dos grupos paramilitares e do terrorismo de Estado, que provocou um banho de sangue que lhes deixou entre cinco e seis militantes assassinados. 

Organizador do evento, no Café Colombiano, Pietro Alarcón ressaltou como o protagonismo da população vem sendo exercitado nas ruas e canalizado para a coalizão UP, que pela primeira vez fez com que demandas históricas viessem à tona, “respeitando o direito, a soberania e o bem-estar da população para vencer uma oligarquia que quer a guerra, a violência e o paramilitarismo”.

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“Estamos aqui ao lado de Mondragón, nos somando ao projeto do presidente Gustavo Petro e à vice-presidente Francia Márquez para afirmar a paz e consolidar um país em que prevaleça a felicidade, a alegria, a convivência e a vida”, concluiu. 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Leonardo Wexell Severo

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