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ToggleA eleição de Donald Trump como presidente número 47 dos Estados Unidos motivou debates da cidadania de Cuba, com ênfase em buscar soluções para a crise na ilha a partir de mudanças nacionais e da visão de analistas sobre os impactos negativos na emigração cubana.
O republicano vencedor das eleições de 2016, mas derrotado por Joe Biden em 2020, conseguiu desta vez vencer com uma ampla vantagem sobre Kamala Harris, a candidata democrata que substituiu na disputa eleitoral o atual mandatário dos Estados Unidos, Joe Biden, então aspirante à reeleição.
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Tal como adiantaram analistas e vários meios de imprensa, Trump conquistou o voto de estados-chave, como Carolina do Norte, Geórgia, Pensilvânia e Wisconsin, o que lhe permitiu superar o mínimo de 270 votos eleitorais necessários para ganhar a presidência pelos próximos quatro anos.
Em 6 de novembro último, ao celebrar sua vitória na Flórida — junto a familiares, seguidores e James David Vance, seu futuro vice-presidente —, Trump, de 78 anos, declarou: “Vamos ajudar a sanear nosso país”, promentendo uma nova “era de ouro”.
Também afirmou: “Os Estados Unidos nos deram um mandato sem precedentes e poderoso”. Além de prometer uma melhoria econômica depois de anos de inflação elevada, em seu plano de governo anunciou a deportação massiva de migrantes indocumentados e o fim das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.
Influência de Trump na Flórida
Um artigo da BBC News Mundo assegurou que a “surpreendente vitória” de Trump em Miami “consolida a hegemonia republicana na Flórida”. De acordo com a fonte, o candidato republicano “ganhou este distrito eleitoral de 2,7 milhões de habitantes por 11 pontos de vantagem: 55% dos votos contra 44% de Harris”.
A esse respeito, esclarece o texto: “A última vez que os republicanos ganharam nesta cidade do sul da Flórida foi há 32 anos com George H. W. Bush, que acabou perdendo as eleições de 1992 para Bill Clinton”.
Sobre a atual influência do eleitorado latino-americano, que supera 68% da população de Miami, o historiador Paul S. George ressaltou “o enorme crescimento e influência durante os últimos anos e décadas da população cubano-estadunidense, que tende a ser bastante conservadora e fortemente anticomunista”.
De igual modo, considerou: “Os republicanos tiveram muito êxito em apresentar os temas do socialismo e do marxismo como algo próprio dos democratas, o que eu não considero correto, mas este foi seu enfoque e muita gente abraçou esta ideia”.
Anti-imigração e a habilidade de Trump
Ao referir-se às mensagens anti-imigração e às ameaças de deportações massivas do candidato republicano, o historiador considerou que “era um tema muito delicado e a campanha de Trump abordou-o com habilidade”.
E especificou: “falaram sobretudo da fronteira do Texas sem mencionar a Flórida, o Caribe, Cuba ou a América Central, porque entendiam a importância da demografia cubana aqui e que os cubanos são grandes partidários dos republicanos”.
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Por sua vez, o analista político estadunidense William LeoGrande advertiu que o segundo mandato de Trump significa o regresso da política de “pressão máxima” e a entrega do “controle da política sobre Cuba à comunidade cubana conservadora do sul da Flórida”.
A cidadania de Cuba opina
Em um fórum virtual do site Cubadebate, um usuário identificado como Rodolfo vaticinou que Trump “terá o controle da câmara e do senado, ou seja, liberdade para, junto a seu partido, aprovar sem problemas leis e decretos de todo tipo e impugnar qualquer proposta democrata”.
Por outro lado, disse: “O principal erro de muitos cubanos é pensar que nossos problemas melhoram ou pioram segundo o partido que lidera nos Estados Unidos. Nós devemos ir em frente pensando em nosso país, em nossa política, em nossos dirigentes, em nossa economia e em nosso trabalho”.
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A esse respeito, afirmou que a política econômica de Cuba “foi nefasta, independentemente de quem esteve na Casa Branca”.
Em uma entrevista para um jornal espanhol, antes das votações nos Estados Unidos, o escritor cubano Leonardo Padura afirmou: “Trump fortaleceu as medidas do bloqueio ou embargo e depois Biden não as reverteu ao ponto deixado por Obama. Vamos ver o que acontece, mas quanto ao tema da imigração, mesmo com uma vitória democrata, não vai ser um bom momento”. (2024)
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