Apesar das diferenças de alguns membros do Conselho de Segurança da ONU sobre o enfoque do texto, esse organismo aprovou por unanimidade uma resolução sobre mulheres, paz e segurança.
A ministra de Relações Exteriores e Cooperação da África do Sul, Naledi Pandor, destacou o consenso conseguido para a aprovação do documento que reconhece os avanços e ressalta o muito que ainda fica por fazer.
Disse, ao intervir neste debate aberto, que as mulheres de todo o mundo “estão fartas que falemos, elas querem medidas concretas, querem mudanças”.
Ao se aproximar o vigésimo aniversário da resolução 1325, a primeira do Conselho de Segurança referida a mulheres, paz e segurança, é necessário ter resultados visíveis, ressaltou a ministra sul-africana.
Do mesmo modo, continuou, urge aumentar a participação das mulheres nos processos políticos, e incrementar seu número nos componentes militares e civis das operações de paz da ONU.
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As mulheres de todo o mundo “estão fartas que falemos, elas querem medidas concretas, querem mudanças”
Pandor também sublinhou a importância de incluir na resolução recém aprovada os temas sobre proteção dos direitos humanos das mulheres, em especial o direito ao acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva.
Este foi um dos temas que causou controvérsia no Conselho de Segurança. A representação dos Estados Unidos, por exemplo, mostrou seu inconformismo com o fato de se fazer referência à saúde sexual e reprodutiva na resolução, e deixou claro seu rechaço ao aborto.
Por sua parte, a delegação do Reino Unido indicou que embora tenha sido difícil chegar ao consenso no Conselho, os membros souberam sobrepor-se às diferenças. De mesma forma, enfatizou a importância de incluir os serviços de saúde sexual e reprodutiva no documento.
Nesta semana, o Conselho de Segurança acolhe um debate aberto sobre mulheres, paz e segurança, tema que o secretário geral da ONU, António Guterres, assinalou como uma das prioridades de seu mandato.
Ao intervir na reunião de hoje, o máximo representante das Nações Unidas ressaltou que as mulheres ainda encaram a exclusão de demasiados processos políticos e são adotados acordos de paz sem levar em consideração as necessidades de mulheres e meninas.
A triste realidades é que os compromissos que ficam refletidos em torno a esta mesa do Conselho, depois não são traduzidos em uma mudança genuína no mundo, observou.
Também persistem os ataques contra mulheres defensoras dos direitos humanos, e a violência continua sendo empregada como uma arma de guerra, sublinhou Guterres, enquanto as sobreviventes dessas agressões não encontram apoio ou justiça diante desses crimes.
*Tradução: Beatriz Cannabrava
**Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
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