Em seu programa de televisão “Con el Mazo Dando”, Diosdado Cabello, ministro de Relações Interiores da Venezuela, informou na noite de 7 de maio que a saída dos opositores foragidos da justiça venezuelana que estavam refugiados na embaixada da Argentina em Caracas, assim como de Corina Parisca, mãe de María Corina Machado, foi fruto de uma negociação com o governo bolivariano.
Cabello mostrou provas da saída de Parisca em 5 de maio, pelo Aeroporto Internacional de Maiquetía, o principal do país, e disse que foi uma ação coordenada, após María Corina Machado solicitar ao governo ajuda para tirar sua mãe do país por razões de saúde. Ela saiu em um voo com destino à Colômbia. Ele afirmou que esse era o principal objetivo da negociação.
Também revelou que a negociação incluía a saída da própria Machado. No entanto, ela solicitou que fosse de maneira disfarçada, por meio de um atalho na fronteira com a Colômbia, para ocultar a própria negociação e fazer parecer que havia escapado por conta própria. O governo recusou, e por isso “inventaram essa história de resgate”.
Outro detalhe apontado por Diosdado Cabello foi que na sede diplomática argentina estavam apenas quatro dos cinco opositores mencionados originalmente, pois Claudia Macero havia saído em 20 de agosto de 2024. “Eles estavam na embaixada da Argentina por vontade própria e podiam sair quando quisessem”, asseverou.
Todos receberam um salvo-conduto do governo bolivariano para sair em voo comercial da Venezuela, portanto, não houve nenhuma operação de resgate — “isso era pura mentira”, concluiu o ministro do Interior.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, publicou, em 6 de maio, um post na rede X afirmando que houve uma “operação precisa” e que se tratava de um “resgate”. Na mesma publicação, disse que agradecia “a todo o pessoal envolvido” na operação e aos seus “parceiros que ajudaram a garantir a libertação desses heróis venezuelanos”.
María Corina Machado também declarou, via X, que foi “uma operação impecável e épica”. Ambos foram desmentidos pelo próprio ministro do Interior venezuelano.
Cabello afirmou que havia se comprometido com Machado e os opositores que estavam na sede diplomática a não divulgar mais informações. Indicou que aguardaria a reação dos que participaram da negociação antes de revelar novos dados.
“Quem disser que não houve negociação é porque foi deixado de fora e não tem nada a dizer… No fim, acabaram negociando, e sempre negociam colocando seus interesses em primeiro lugar… Falam de uma operação impecável — impecável porra nenhuma”, declarou.
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