A tensão na fronteira entre Minsk e Varsóvia — ou, se preferir, o confronto geopolítico entre um dos principais aliados da Rússia, por um lado, e por outro, um membro da Organização do Tratado do Atlântico (OTAN) e a União Europeia (UE) — não diminui, incrementando o risco de explosão de um conflito armado entre eles.
Isto acontece quando milhares de migrantes continuam presos na crise humanitária que se agrava no limite — separado por arame farpado — de um país, Polônia, que recusa abrir a porta para que cheguem ao seu ansiado destino, a Alemanha, e outro, Bielorrússia, que não quer que fiquem no seu território.
Fome e frio — drama especialmente impactante pelos estragos que causa aos mais indefesos: mulheres, idosos e crianças pequenas — é o preço que pagam neste momento os refugiados que perdendo tudo, fugiram dos horrores da guerra em sua pátria em busca de uma vida melhor, enquanto a Bielorrússia e a Polônia, com o apoio de seus sócios, atribuem a culpa um ao outro pela crise migratória e lançam todo tipo de advertências e ameaças.
A cada dia se agrega uma página ao já grosso catálogo de desencontros, e na úlltima quinta-feira (11), quando Bruxelas se prepara para instrumentar o quinto pacote de sanções contra Minsk, responsabilizando o regime bielorrusso de estimular o fluxo de migrantes para desestabilizar a União Europeia, o presidente Aleksandr Lukashenko, que rechaça essa acusação e atribui aos Estados Unidos e à OTAN a origem do problema, respondeu com a possibilidade de impedir o trânsito do gás natural russo que chega a clientes europeus através do gasoduto “Yamal-Europa” que passa por seu território.
agencia brasil
Milhares de migrantes continuam presos na crise humanitária que se agrava no limite
Esta perspectiva alarma sobretudo a Alemanha, o destino desse gasoduto, e motivou que a ainda chanceler federal Angela Merkel tenha telefonado ao presidente Vladimir Putin para pedir que exerça pressão sobre Lukashenko.
O titular do Kremlin – segundo um comunicado de seu serviço de imprensa – aproveitou a ocasião para culpar a OTAN de “levar a cabo ações desestabilizadores e de provocação” no mar Negro, para onde os Estados Unidos enviaram três barcos de guerra para participar de umas manobras navais com contingentes da Bulgária, Romênia e Turquia, assim como dois países da antiga União Soviética inimistados com a Rússia, Georgia e Ucrânia.
A Rússia e a Bielorrússia compartilham a obrigação de prestar-se ajuda militar em caso de sofrer uma agressão, pelo qual Lukashenko — em uma entrevista a um meio russo, transmitida pela televisão bielorrussa —, recordou esta semana que, em caso de haver uma guerra com a Polônia, a “Rússia se veria imediatamente envolvida neste torvelinho e é a maior potência nuclear”.
Na Bielorrússia não há bases nem tropas russas, mas em questão de horas poderiam chegar até a fronteira com a Polônia e há pouco tempo Lukashenko aceitou ampliar por outros 25 anos a presença em seu território do pessoal militar que opera o sistema de radares e outras instalações similares do exército russo.
Juan Pablo Duch, correspondente de La Jornada em Moscou
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