A crise multidimensional no Haiti ganha um novo capítulo nesta segunda-feira (30), impulsionada pela iniciativa do presidente Luiz Abinader, da República Dominicana, que pede uma ação internacional para frear as ações de gangues que controlam 90% da capital haitiana, Porto Príncipe.
A contradição é que Abinader não tem legitimidade para falar em nome do povo haitiano. Na verdade, pratica uma política anti haitiana e subserviente ao imperialismo dos Estados Unidos, como denuncia o professor de Economia na Université d’État d’Haïti Camille Chalmers, em entrevista exclusiva à Diálogos do Sul Global diretamente no Haiti.
Abinader e três ex-presidentes, Danilo Medina, Leonel Fernández e Hipólito Mejía, enviaram uma carta aos membros do Conselho de Segurança da ONU solicitando ação em relação à situação haitiana.
A carta dos dominicanos manifesta “apoio firme” à proposta do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, de transformar a Missão Multinacional de Apoio à Segurança (MSS) em uma missão híbrida, com comando logístico e operacional compartilhado.
Tal reconfiguração, afirmam os signatários, permitiria uma resposta mais eficaz à violência de gangues como “Viv ansanm” e “Gran grif”, que, segundo eles, colocariam toda a região caribenha e o continente em risco.
Chalmers critica duramente a iniciativa:
“O povo do Haiti não aceita isso. O senhor Abinader não é presidente do Haiti, e a linguagem que ele desenvolveu sobre a crise haitiana é uma linguagem inaceitável, apresentando o Haiti como o perigo, como a ameaça”.
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Ao contrário do que os líderes dominicanos dizem, Chalmers argumenta que “uma das ameaças mais terríveis para o povo haitiano é a insegurança alimentada pela fronteira, onde passam armas, munições, drogas, e onde há uma conexão entre os traficantes haitianos e os traficantes dominicanos”.
O professor diz que, “inclusive, foi descoberto que elementos das forças públicas formais na República Dominicana, polícia e forças armadas, estavam vendendo armas para gangues haitianas”.
Organizações e lideranças políticas e sociais haitianas vêm denunciando há mais de uma década que a solução oferecida pela ONU — envio de tropas estrangeiras — é ineficaz, atende a interesses ingerencistas e que os haitianos devem resolver seus próprios problemas.
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