O governo de Milei enfrenta um dos maiores escândalos devido ao grande golpe da criptomoeda $Libra, que foi promovida pelo próprio presidente. Seus fundos e os de sua irmã, Karina Milei, estão sob investigação.
O congelamento dos fundos ligados a esse golpe, determinado pela juíza Jennifer Rochon, da Corte do distrito sul de Nova York, incide sobre o envolvimento de Milei, sua irmã, outros funcionários e empresários ligados ao governo da Liberdade Avança.
Ao mesmo tempo, um dos temas mais graves no plano social é a decisão do governo Milei de retirar os subsídios destinados a milhares de pessoas com deficiência, ação classificada por diversos setores como uma “crueldade” sem limites contra os aposentados e os setores mais vulneráveis, semelhante aos tempos do fascismo.
Enquanto isso, médicos, enfermeiros e funcionários administrativos do Hospital Garrahan, em Buenos Aires, um dos mais reconhecidos, que atende crianças com doenças raras ou muito graves, estão em greve porque o governo tenta desmantelá-lo, como fez com o hospital de saúde mental Laura Bonaparte.
O governo decidiu reduzir seu orçamento, desfinanciando essa instituição de saúde, como faz com todos os hospitais públicos do país, política que afeta milhares de argentinos. Na mesma situação estão as universidades públicas, que iniciaram uma nova etapa de lutas para não “desaparecer”.
Movimento Direito ao Futuro
O governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, convocou “a todos para colocar um limite à motosserra” do presidente de ultradireita Javier Milei, que arrasou com importantes instituições, com todos os direitos conquistados ao longo de anos de luta dos argentinos. Ao mesmo tempo, defendeu a ex-presidenta Cristina Fernández de Kirchner “diante dos rumores de uma iminente condenação por parte da Corte Suprema”, e advertiu que se pretende condená-la sem nenhuma prova, em referência ao caso da Vialidade, anteriormente encerrado por falta de provas e ressuscitado para impedir qualquer candidatura da peronista.
Kicillof advertiu que o que está em jogo é que “a motosserra não entre na província de Buenos Aires”. Nesse sentido, acrescentou: “Convocamos todos os setores a formar uma grande frente bonaerense pela saúde, educação, segurança, produção e trabalho. Uma frente da província para a província. Temos que somar todos para dizer à história que por aqui a motosserra não passou, que aqui há outro caminho”, disse.
“O nosso povo não se moveu para a direita. Quer trabalho, um salário que dê conta, dignidade, educação para as crianças, soberania e ter um futuro. [Sabe] que o único adversário que temos é o presidente Javier Milei”, afirmou.
“O que precisávamos era de um movimento de braços abertos: nasce hoje o Movimento Direito ao Futuro. E como dizia o general (Juan Domingo Perón): o movimento jamais foi excludente, jamais foi sectário. É uma forma de contribuir, de nos organizarmos, de voltar a escutar, de nos conectar com as necessidades da nossa gente. É um movimento que respeita a diversidade e a identidade de cada setor. Nasce de baixo para cima, com todos os setores e promovendo a participação, chamando a caminhar juntos, a imaginar um futuro diferente e construir uma alternativa política”, sustentou o governador.
Também criticou e denunciou a política do ultradireitista Javier Milei e cobrou a dívida bilionária que o governo nacional não pagou à província desde que assumiu o poder.
Durante o ato, foram apresentados vídeos que reivindicaram diversos dirigentes sociais e políticos com a consigna “Fizeram história, façamos futuro”.
Kicillof comparou a atual política econômica com os tempos vividos sob José Alfredo Martínez de Hoz — ministro da Economia da última ditadura militar — com Domingo Cavallo — que levou à crise de 2001 — e com o ocorrido durante o governo do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019).
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