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ToggleA extensão do coronavírus, e os danos que infligem à humanidade, exigem propor temas de debate que interessem a milhões. Em todos os continentes e países, a Covid-19 aparece como um desafio inevitável e obriga os povos e governos a adotarem medidas para proteger a própria espécie humana.
Acontece, entretanto, que não em todos os casos as respostas – nem as ações – são as mesmas. Enquanto alguns se empenham de verdade em uma guerra justa e aberta em defesa da saúde de todos, outros tentam trivializar o assunto, e até se burlam descaradamente porque não lhes importa o que vai acontecer mais adiante.
A esta última espécie pertencem personagens que, lamentavelmente, têm poder e têm capacidade de decidir a sorte de milhões. Donald Trump, o ocasional inquilino da Casa Branca, é um deles.
Sustenta alegremente que esta é uma gripe que “já vai passar”, da qual “só morrem os velhinhos”; e que diante dela não é preciso mudar nada; as pessoas devem seguir se reunindo, trabalhando, se divertindo e abstraindo as preocupações.
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Testar, testar, testar…
Na mesma linha, Jair Bolsonaro – o deplorável mandatário brasileiro – busca aproveitar a crise para autorizar as empresas a despedir os trabalhadores que faltem quatro dias consecutivos.
E Sebastián Piñera e Jeanine Añez –a boliviana- a usam para diferir compromissos cívicos que se viram forçados a aceitar por demanda pública: no Chile, será suspenso o plebiscito de abril para abolir a Constituição herdada da ditadura; e no país do altiplano será adiado, sem data, o processo eleitoral nacional programado para 3 de maio.
Cada quem busca arrancar um osso à presa que tem à frente, eludindo o tema central: a saúde da população. No fundo, o único que lhes importa, é o “modelo” ao qual não estão dispostos a renunciar.
De alguma maneira isso foi sustentado aqui por diversos porta-vozes da classe dominante. Para alguns, as medidas dispostas pelo governo são “excessivas”, “desnecessárias” e até “alarmistas”. E para outros, apenas um pretexto para questionar o regime econômico vigente.
Não querem perceber a realidade: a pandemia que nos visita exige um Estado mais forte e um mercado subsidiário. E não o contrário. Se nosso país carece de possibilidades reais para enfrentar a ameaça que enfrentamos agora, isso só pode ser atribuído ao fato de que o Estado foi privado – por mandato da Constituição de 93 – da possibilidade de construir um esquema social amplo e seguro que nos teria permitido defender a população em melhores condições.
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Os governos que defendem o “modelo” vigente hoje, omitem que seus países são vítimas dos efeitos mais devastadores da pandemia. Os Estados Unidos converteram-se no centro da expansão do vírus. Só na cidade de Miami há mais de mil afetados pela COVID-19
As “potências capitalistas” -Estados Unidos, Espanha e Itália- vivem dramas inenarráveis. Ali, os governos direitistas impuseram “ajustes” neoliberais sem misericórdia que hoje naufragam. Além disso, em auxílio da pátria de Guiseppe Verdi, não acode a União Europeia. Só a China, a Rússia, Cuba e a Venezuela.
A outra face da moeda é a pequena Cuba. Honrando a experiência de suas últimas seis décadas, irradia ternura, solidariedade e heroísmo. Uma breve seleção de suas ações, tomadas das redes sociais, confirmada por “Cuba Debate”. Vejamos:
O transbordo em 18 de março dos passageiros do cruzeiro britânico MS Braemar, ao quais, desde 8 de março estiveram confinados com cinco casos positivos da COVID-19, enquanto outros países lhes negavam ajuda. Hoje, todos – passageiros e tripulantes – estão sãos e salvos em suas casas.
A escolha pelas autoridades sanitárias chinesas do interferon cubano alfa 2B (IFRrec), entre outros 30 medicamentos para combater a COVID-19. Hoje, a China confirmou que já tem a vacina contra o vírus.
A chegada de delegações médicas cubanas a Venezuela, Nicarágua, Espanha e Itália para apoiar a estratégia de contenção da COVID-19. Em 19 países operam as Brigadas Cubanas de Saúde provocando urticária no Império.
A presença no coração da golpeada Lombardia de uma brigada de 52 médicos e enfermeiros cubanos trabalhando em condições de campanha. Com eles médicos russos e chineses trabalham pela salvação de milhares de afetados.
A solicitação de países na América Latina e no Caribe, Europa, África e Ásia de contar com pessoal cubano especializado no enfrentamento de doenças transmissíveis. O Peru deu alguns passos nessa direção, mas parece que as autoridades temem “o veto” de Washington.
Esta realidade resulta simplesmente irrebatível. E se produz a partir de um país acossado, bloqueado há sessenta anos, abandonado muitas vezes por seus pares regionais e pela Comunidade Internacional.
É gerado desde um povo nutrido pelos melhores ensinamentos da história e que hoje salva a vida e estende a mão generosa a milhões de pessoas.
Gustavo Espinoza M*, Colaborador de Diálogos do Sul desde Lima, Peru.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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