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Finados: ao contrário do luto no Brasil, mortos no México sairão dançando novamente

No país, a morte tem outra cor, e não precisamente fúnebre, dentro de uma concepção menos apocalíptica, o que explica que o dia dos mortos se celebre com festas e comidas
Luis Manuel Arce Isaac
La Jornada
Cidade do México

Tradução:

Os mortos mexicanos, como a cada ano por esta data, sairão de novo dançando por ruas e praças do país alegrando, ao passo de tíbias e costelas, a vida que, segundo tradições ancestrais, nunca abandonaram. 

No México a morte tem outra cor, e não precisamente fúnebre, dentro de uma concepção menos apocalíptica, o que explica que o dia dos mortos se celebre com festas e comidas, desfiles e música, em inextricável simbiose do culto pré-hispânico à morte e a comemoração católica de Todos os Santos e Finados.

Os festejos começaram há uma semana e já milhões de pessoas desfrutaram de atividades culturais, desde o Desfile de Alegorias Monumentais e uma homenagem ao cantor recém falecido José José na praça central, o Zócalo, até a mega procissão de Catrinas e um Desfile Internacional de Dia dos Mortos.

No país, a morte tem outra cor, e não precisamente fúnebre, dentro de uma concepção menos apocalíptica, o que explica que o dia dos mortos se celebre com festas e comidas

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No México a morte tem outra cor, e não precisamente fúnebre

No dia 29 se ilumina a impressionante Mega Oferenda Monumental “Altar de altares”, de Vladimir Maislin Topete, que permanecerá de 1 a 10 de novembro no Zócalo. Haverá um Mega Desfile do Dia dos Mortos em 2 de novembro, e a ópera Motecuhzoma II, enquanto na Mega Procissão de Catrinas participarão 36 mil pessoas e mais outras 80 mil maquiadas para o percurso. 

Este ano a festa representa os altares tradicionais de quatro regiões da República: o norte estará representado pôr os yaquis e mayos de Sonora; o sul será o altar mayo em Iucatã; o leste da Huasteca potosina através do Xantolo, e o oeste com a expressão purepecha do estado de Michoacán, segundo o programa oficial.

No Zócalo se estendem quatro tapetes de serragem com as cores de cada região, de acordo com a concepção do universo na cosmovisão náhuatl,  e quatro árvores da morte que sustentam os nove níveis do infra mundo que a alma percorre em quatro anos para integrar-se em um rio e regressar à vida, segundo a crença pré-hispânica. 

O Festival do Dia dos Mortos 2019 também inclui recorridos noturnos no Bosque de Chapultepec celebrando a Eternidade, enquanto o Mega Desfile do dia 2 sairá da Estela de Luz para o Zócalo. 

A celebração, declarada Patrimônio Cultural Imaterial pela Unesco em 2003 contará na capital com uma atração espetacular: o altar tradicional da comunidade tzotzil de Zinacantán, Chiapas, o famoso Sk´Ak´Alil Anima´ Etik, Dias de mortos, assim como a oferenda totonaca de Papantla de Olarte, Veracruz.

Outras atividades anunciadas são o ciclo Caindo o morto e contando o conto no II Encontro de Narrativas e Teatro sobre Mortos e Aparecidos, enquanto o Museu do Templo Maior apresentará a oferenda “os que já se foram”, uma homenagem às expressões culturais da região Tierra Caliente e La Montaña, em Guerrero, onde o náhuatl é um elemento unificador das comunidades.

*Luis Manuel Arce Isaac, corresponsal de La Jornada en México


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Luis Manuel Arce Isaac

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