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No México, pandemia impede concentração, mas não homenagem aos 168 anos de Martí

Desde cedo, oferendas de flores foram colocadas ao pé de sua impressionante escultura em frente ao Centro Cultural que tem seu nome
Redação Prensa Latina
Prensa Latina
Cidade do México

Tradução:

A celebração do 168º aniversário do nascimento de José Martí foi diferente neste 28 de janeiro na Cidade do México, pois a esplanada de seu Mausoléu, justo onde começa a Alameda Central, esteve solitária.

A pandemia da Covid-19 e as medidas de prevenção impediram a tradicional concentração de mexicanos e cubanos que a cada ano nesta data acorrem ao lugar para prestar homenagem ao Herói Nacional de Cuba e agradecer-lhe por tudo o que fez e ainda faz em favor da humanidade, porque seu pensamento político continua vigente.

Martí não esteve sozinho em seu aniversário de 168 anos pois, sem concentração nem oradores, desde cedo oferendas de flores foram colocadas ao pé de sua impressionante escultura em frente ao Centro Cultural que tem seu nome e é o principal monumento em sua honra dos muitos que há no México.

Possivelmente não haja no país centroamericano lugar mais emblemático para manter viva a imagem do Mestre nos olhos e no coração do que a Alameda Central, apesar dos tantos que o recordam, como a rua San Ildefonso, onde conheceu seu melhor amigo, Manuel Mercado; ou as do centro histórico, em seus passeios às cinco da tarde, de braço dado com Carmen Zayas Bazán, a mãe de seu único filho.

Desde cedo, oferendas de flores foram colocadas ao pé de sua impressionante escultura em frente ao Centro Cultural que tem seu nome

Prensa Latina
José Martí

Martí no México

Em suas duas estadias no México, Martí conheceu o presídio político; sua vocação patriótica era dilacerante, e talvez a espiritualidade que encontrava na Alameda, em seus passeios sob as frondosas árvores e caminhos de pedras e barro, contrastava-a com a impiedade nas pedreiras de San Lázaro, sacudidas sua alma e sua inteligência por aqueles mesmos que faziam o mesmo com os heróis mexicanos.

Ali na Alameda Central passeou muitas vezes com seus amigos, o pintor Manuel Ocaranza e Dom Nicolás de Azcárate, exilado por Tacón, com quem recordava seu admirado Rafael María de Mendive.

Também conviveu naquela época com outros cubanos exilados políticos, e talentosos intelectuais mexicanos, como Romero Cuyás, Domínguez Cowan e o poeta Alfredo Torroella, com quem mantinha longas conversas à sombra da paisagem.

Nessas conversas sua alma de patriota se inflamava e aprendia sobre uma complexa situação social e política no México com os ecos de fracassos e frustrações de uma Reforma feita e desfeita pelos liberais que iam criando as bases para a explosão da revolução agrária de 1910 com heróis como Emiliano Zapata e Pancho Villa.

Foram momentos de grande significado intelectual para ele, pois estreava no teatro Principal sua obra Amor com amor se paga, e foi ali, com sala cheia, que seus olhos ficaram hipnotizados pelos daquela que foi desde aquele momento seu grande amor, Carmen.

Já estava germinando também a semente para publicar no torvelinho político mexicano sua grande obra, o ensaio Nuestra América, que viu a luz em 30 de janeiro de 1891 no jornal El Partido Liberal, um ensaio filosófico e político magistral e até dramático, por sua fervorosa insistência na unidade para poder enfrentar os perigos que tinham diante de si os povos latinoamericanos.

México foi belo e querido para Martí, e Martí querido e belo para o México.

O povo o reverencia como a seus próceres mais notáveis, e ocupa um lugar permanente no panteão dos heróis e pensadores ilustres mexicanos.

Seu ideário anti imperialista foi guia e ação para Fidel Castro e os expedicionários do Granma quando travaram em Cuba a guerra necessária para derrotar a ditadura de Fulgencio Batista.

Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Ana Corbusier


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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