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ToggleDar às visibilidades do governo de Juan José Torres, “o general do povo”, e seu compromisso com o nacional-desenvolvimentismo, a democratização da sociedade boliviana e a luta anti-imperialista devem servir de herança a ser valorizada para a efetivação da verdadeira independência.
Com este compromisso, os jornalistas brasileiros Paulo Cannabrava Filho, Leonardo Wexell Severo e o argentino Andrés Sal.Ari, refazendo os passos do líder fardado, que comandou de 7 de outubro de 1970 a 21 de agosto de 1971 o intenso processo de mudanças. Uma verdadeira onda no país sem mar, que foi da nacionalização da sua principal mina de ouro até a incorporação da Bolívia ao Movimento dos Países Não-Alinhados.
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Idealizador do projeto e comandando a equipe, o apresentador Cannabrava que, na época, defendeu de Olivetti e Laika nas mãos a vitória de JJ Torres contra o golpe das milícias fascistas, avaliando que “será uma oportunidade única de dialogar com os sobreviventes da construção daquele projeto cativante e inovador, que tanto tem a nos ensinar, estimulando a reflexão e a ação em defesa das nossas nações e da integração do continente”.
Linha de frente da revista Cadernos do Terceiro Mundo, atualmente editor do portal Diálogos do Sul, registra que “estamos falando da pilhagem de riquezas monumentais, da herança de minerais como ouro, prata, cobre e estanho. Com base na escravidão e milhões de cadáveres, saquearam tanta prata que poderiam fazer uma ponte das minas de Potosí até Madri”, relatou. Saídos os espanhóis, chegaram os ingleses e, posteriormente, os estadunidenses aprofundando a miséria e a devastação.
O veterano combatente, que foi editor do jornal El Nacional, em La Paz – fundado pelo governo revolucionário –, sustenta a importância do investimento na rede de comunicação que, potencializada pelas organizações sindicais, foi a coluna vertebral do movimento. Recorda como o diário deu sustentação à luta política e ideológica, gerando consciência crítica e afirmando a unidade contra os entreguistas.
Wikipedia
Exilado na Argentina, Torres foi encontrado morto em junho de 1976 próximo a Buenos Aires
Luta contra o “memoricídio”
Autor de “Bolívia nas ruas contra o imperialismo” [Editora Limiar, 112 páginas, 2009], o jornalista Leonardo Wexell Severo avalia que “a reconstrução histórica de um evento de tamanha grandeza contribui para a vitória contra o que podemos chamar de memoricídio, o apagão engendrado pelo imperialismo e seus lacaios, de figuras como Torres, que servem de exemplo e de história”, declarou Leonardo, que também integra a agência ComunicaSul de comunicação colaborativa.
Tendo vivido de 2008 a 2018 na Bolívia, o jornalista e cinegrafista argentino Andrés Sal.Ari, acredita que a produção de um documentário sobre a vida de Juan José Torres é algo extremamente significativo, “pois resgata a memória de um líder que tem sua trajetória muito esquecida dentro da história boliviana e latino-americana”.
“Faço um trabalho permanente da recuperação de recordações e me parece importante focar naqueles dias dialogando com os protagonistas da história. O general Torres foi um dos últimos militares nacionalistas da Bolívia e, também, uma vítima reconhecida da Operação Condor, que serviu como fórmula de extermínio transnacional para varrer com o movimento revolucionário e qualquer tipo de mudança no nosso continente”, denunciou Andrés. Exilado na Argentina, Torres foi encontrado morto em junho de 1976 próximo a Buenos Aires, com os olhos vendados e três tiros na cabeça.
Leonardo Wexell Severo | Colaborador da Diálogos do Sul
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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