“É bom vê-los todos aqui, isso significa que o trabalho que estamos fazendo tem um impacto”, começou Liz Oliva Fernández ao saudar um público de estudantes e outros jovens, assim como alguns velhos esquerdistas estadunidenses em Washington DC que chegaram para conhecê-la e ver partes de sua série documental premiada: “A Guerra contra Cuba”.
O fórum e a apresentação foram só uma escala de uma turnê stados Unidos da jornalista cubana que a levou a Nova York, Boston, Filadélfia, Baltimore e à capital nacional em abril com seus colegas da empresa de meios independentes Belly of the Beast. Em cada lugar, ela fala sobre sua própria vida, família e a realidade cotidiana em Cuba e o impacto do bloqueio estadunidense em tudo.
“Hoje em Cuba estamos em um momento realmente difícil, está realmente escuro”, comentou Fernández ante o público que se havia reunido na livraria e centro ativista “The Outrage”, em Washington. “Estou aqui como jornalista e para falar da política contra Cuba, esse embargo que enfrentamos desde os anos 1960”.
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Fernández enfocou na vídeo-série em inglês de seis partes “A Guerra contra Cuba”, cujos produtores executivos são Oliver Stone e Danny Glover e que foi vista por centenas de milhares. A obra aborda temas da vida contemporânea na ilha desde saúde a beisebol, a cultura, a assistência internacional por Cuba, os protestos e queixas detonadas pela austeridade em 2021 e, é claro, o bloqueio.
“Não chamamos de “Guerra contra Cuba” porque somos radicais, o dizemos porque é isso”, explicou Fernández ao responder a uma pergunta de um estudante da Universidade Howard, que disse não saber muito sobre Cuba. Depois de explicar que o governo estadunidense gasta milhões em esforços para promover uma mudança de regime em seu país, ela comenta que “talvez, se não desperdiçassem tanto dinheiro em tentar derrocar o nosso governo, o governo de vocês poderia gastar isso em programas de saúde e melhor educação aqui nos Estados Unidos”.
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Lee Schlenker, um produtor do Belly of the Beast que ajudou a organizar o turnê, afirmou: “estamos tentando chegar a um novo público, sobretudo jovens [estadunidenses] de 18 a 34 anos de idade”. Agregou que alguns dos maiores eventos em Nova York e Boston estavam cheios de gente que já conhecia o tema da relação bilateral com Cuba, e que por isso seu grupo estava muito contente de que em eventos como os de Baltimore e Washington havia muitos que não sabiam tanto do assunto, nem da vida em Cuba. “As pessoas estavam perguntando sobre jornalistas independentes, o impacto das sanções estadunidenses sobre migração e os lugares que foram despovoados. Essa é nossa meta, não só chegar ao coro, mas poder abordar perguntas mais difíceis”, comentou em entrevista ao La Jornada.
Reprodução/YouTube
Fernández e a equipe do Belly of the Beast já se reuniu com vários congressistas, cubano-estadunidenses e até com apoiadores do bloqueio
Em Washington, muitas das perguntas foram em torno das realidades da vida cotidiana, a cultura e sobre a experiência pessoal de Fernández. Perguntaram a ela sobre os protestos de 2021, ao que respondeu que “as pessoas estavam se irritando pelas carências, pela falta de eletricidade”. Sobre liberdade de expressão, respondeu com outra pergunta: “as sanções estão ajudando a liberdade de expressão?”. E sobre cubanos-estadunidenses na Flórida, comentou: “não creio que a maioria das pessoas na Flórida apoie as sanções”, entre outros temas.
Fernández e a equipe do Belly of the Beast também se reuniu com vários congressistas, cubano-estadunidenses e até com alguns que apoiam o bloqueio. “Muitos com quem falamos eram empresários que viram uma abertura sob o governo Barack Obama, que aproveitaram, e agora esses negócios foram limitados pelas medidas do governo Trump”, explica Schlenker. O produtor disse ainda que o vídeo que estão elaborando agora, “explicará os interesses econômicos e políticos que guiaram as políticas de Trump e agora guiam as de Biden”.
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O público, no fórum em Washington, mostrou especial interesse na história pessoal de Liz Fernández, a qual descreveu que tão triste estava quando sua mãe decidiu ir a Venezuela como trabalhadora de saúde para ajudar as comunidades pobres desse país, e como anteriormente seu pai havia lutado em Angola contra o regime de apartheid da África do Sul nos anos 1980. Concluiu sua palestra em Washington comentando que “tenho muitas razões para estar orgulhosa de Cuba – é a solidariedade que praticamos”.
Jim Cason e David Brooks | La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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