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Foto: Sergey Bobylev / Agência Rússia Brics 2024

Cúpula do Brics: entenda relevância dos 13 novos países parceiros do bloco

Encerrada nesta quinta-feira (24), na Rússia, Cúpula do Brics centrou debates no desenvolvimento sustentável e na cooperação multilateral
Redação Diálogos do Sul Global
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

A 16ª Cúpula do Brics, realizada em Kazan, na Rússia, foi encerrada nesta quinta (24). Durante os três dias de conferências, os líderes discutiram estratégias para fortalecer as relações econômicas e políticas entre os países membros e parceiros, com foco no desenvolvimento sustentável e na cooperação multilateral.

O bloco foi inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, até que em 1º de janeiro deste ano, se somaram Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.

Agora, no âmbito do encontro em Kazan, tornaram-se parceiros do bloco 13 nações: Argélia, Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Indonésia, Malásia, Nigéria, Tailândia, Turquia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã. Essas nações compartilham diferentes perfis econômicos e geopolíticos, refletindo a diversidade de interesses que movem o bloco e suas áreas de influência. 

Como aporte para o entendimento do que significa o ingresso desses novos atores, analisamos, a seguir, suas principais características econômicas e as relações com outros países e organizações internacionais:

  • Turquia

A Turquia se destaca como a 17ª maior economia do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 844,53 bilhões, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). O setor terciário, que abrange comércio e serviços, e o setor industrial, representam juntos 93% do PIB: 60,7% nos serviços e 32,3% na indústria. Entre os principais produtos de exportação do país estão automóveis, petróleo refinado e roupas, com Europa, Iraque e Estados Unidos como seus maiores compradores.

No cenário internacional, a Turquia é membro de organizações importantes como Organização das Nações Unidas (ONU), Organização Mundial do Comércio (OMC), Banco Mundial, FMI, Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan) e G20. As negociações para sua entrada na União Europeia continuam e se dão, especialmente em temas de migração e segurança, dentro do Tratado de Ancara.

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  • Indonésia

A Indonésia é a maior economia do sudeste asiático, com um PIB de US$ 1,25 trilhão, de acordo com o FMI. O setor terciário responde por 45,4% do PIB, enquanto a indústria, que inclui petroquímicos, têxteis e automóveis, corresponde a 41%. O país é também um importante exportador de petróleo e gás natural.

Internacionalmente, a Indonésia integra organizações como a ONU, o Banco Mundial, o FMI, a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) e a Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec).

  • Argélia

Com um PIB de US$ 168,2 bilhões, a Argélia é um dos maiores produtores de petróleo e gás natural da África, sendo esses recursos responsáveis por 95% das suas exportações. A maior parte dessas exportações destina-se à Europa, especialmente para Itália, Espanha e Reino Unido. O país também possui indústrias de alimentos, eletricidade e mineração, ainda que a agricultura seja limitada pela escassez de terras agricultáveis.

A Argélia é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Organização dos Países Árabes Exportadores de Petróleo (Oapec), ONU e União Africana (UA). A nação mantém tensas relações com o Marrocos, devido à questão do Saara Ocidental.

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  • Bielorrússia

Bielorrússia possui um PIB de US$ 60,73 bilhões e é amplamente dependente da agricultura e da mineração de potássio. O país é um dos maiores produtores mundiais de fertilizantes à base de potássio. A indústria bielorrussa também se destaca pela produção de maquinários, eletrodomésticos e desenvolvimento de software.

A nível internacional, Belarus faz parte da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), da ONU, do Banco Mundial e do FMI.

  • Cuba

Apesar de não haver dados recentes sobre o PIB de Cuba, a economia cubana é fortemente baseada na agricultura e no turismo. Produtos como cana-de-açúcar, tabaco e frutas, além da criação de gado e a exploração de minerais, como níquel e cobalto, são fundamentais para a economia local. O turismo tem ganhado relevância, especialmente pelas praias do Caribe, atraindo um grande número de visitantes.

Cuba integra organizações como a ONU, o Movimento dos Países Não-Alinhados, a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América — Tratado de Comércio dos Povos (Alba-TCP) e a Associação dos Estados do Caribe.

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  • Bolívia

A Bolívia, uma das economias mais pobres da América do Sul, tem um PIB de US$ 41 bilhões, sendo 13,8% correspondentes a agricultura e pecuária, A exploração de combustíveis fósseis e recursos minerais são a base da economia boliviano, uma vez que o país é rico em recursos naturais, com destaque para gás natural, petróleo e minerais como lítio, zinco e ferro. 

A Bolívia é membro de organizações como a ONU, o Mercado Comum do Sul (Mercosul), a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e o FMI.

  • Malásia

Com um PIB de US$ 439,37 bilhões, a Malásia emergiu como uma economia dinâmica e diversificada. O setor terciário, especialmente o comércio e o turismo, responde por 53,6% do PIB. A indústria, que inclui eletrônicos, semicondutores e a exploração de óleo de palma, representa 37,6%.

A nação é membro de organizações como ONU, OMC, FMI, Asean e Apec, e se destaca como um dos Novos Tigres Asiáticos.

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  • Uzbequistão

O Uzbequistão possui um PIB de US$ 72,76 bilhões, sendo sua economia baseada na exploração de petróleo, gás natural, carvão e ouro. O setor terciário responde por quase metade do PIB, com a indústria contribuindo com 33,7%. O algodão é um dos principais produtos de exportação.

O país é membro da ONU, do Banco Mundial e do FMI. Há tensões geopolíticas com seus vizinhos Quirguistão e Tajiquistão.

  • Cazaquistão

Com um PIB de US$ 187 bilhões, o Cazaquistão é rico em recursos naturais, como petróleo, gás natural e urânio, sendo um dos maiores exportadores globais deste último. A indústria de combustíveis fósseis e metais preciosos é crucial para a economia do país. O país é membro da ONU, do FMI, da OMC e da CEI.

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  • Tailândia

Com um PIB de US$ 585 bilhões, a Tailândia é uma das economias emergentes mais dinâmicas do sudeste asiático, impulsionada por uma indústria diversificada e pelo turismo, que responde por uma parcela significativa do PIB. A produção industrial é voltada para a fabricação de bens de consumo duráveis, eletrônicos, têxteis e alimentos. Integra organizações como ONU, OMC, FMI e Apec. Tem relações tensas com o Camboja devido a disputas territoriais.

  • Vietnã

O Vietnã, com um PIB de US$ 354,87 bilhões, tem se transformado nas últimas décadas, passando de uma das nações mais pobres do mundo para um país de renda média-baixa. A economia é impulsionada pela indústria (33,3%) e pelo setor terciário (51,3%). O país é membro da ONU, do FMI, da OMC e da Apec, e enfrenta tensões regionais no Mar da China Meridional.

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  • Nigéria

Membro da Opep, a Nigéria é o 11º maior produtor mundial de petróleo, com o setor de petróleo e gás natural representando 10% do PIB. No entanto, a agropecuária, que emprega a maior parte da população, responde por 21,1% do PIB. A economia do país enfrenta desafios com 40% da população vivendo abaixo da linha da pobreza. É membro da ONU, da UA, da OMC, da Opep e do FMI.

  • Uganda

A Uganda possui uma economia em desenvolvimento, onde a agricultura, especialmente o cultivo de café, desempenha um papel central. O país também possui reservas minerais significativas, como cobre e cobalto. O país é membro da ONU, da UA, do FMI e da OMC.

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Podemos agrupar os ingressantes em alguns grupos para facilitar as análises:

  1. Grandes economias emergentes com forte industrialização
  • Indonésia: Setor industrial forte (41% do PIB), com destaque para petroquímicos, automóveis, têxteis e gás natural.
  • Malásia: A indústria contribui com 37,6% do PIB, especialmente eletrônicos, semicondutores e óleo de palma.
  • Tailândia: Economia emergente e industrializada, com 36,2% do PIB proveniente da produção de eletrônicos, alimentos e bens de consumo duráveis.
  • Vietnã: Indústria em crescimento acelerado, representando 33,3% do PIB, especialmente em manufatura e bens de consumo.

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  1. Países exportadores de petróleo e recursos naturais
  • Argélia: 95% das exportações são de petróleo e gás natural, principalmente para a Europa.
  • Nigéria: 10% do PIB é proveniente do setor de petróleo e gás, sendo o 11º maior produtor mundial de petróleo.
  • Cazaquistão: Economia baseada na extração de combustíveis fósseis (petróleo e gás natural) e urânio.
  • Uzbequistão: Economia rica em petróleo, gás natural, carvão e ouro, com 33,7% do PIB vindo da indústria extrativa.

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  1. Economias focadas na agricultura e mineração
  • Cuba: A economia é baseada na agricultura (cana-de-açúcar e tabaco) e pecuária, com crescimento no turismo.
  • Bolívia: Depende da exploração de recursos naturais, como gás natural e minérios (zinco e ferro), além da agropecuária.
  • Uganda: A agricultura é a principal atividade econômica, com destaque para o café e a mineração de cobre e cobalto.
  • Bielorrússia: Agricultura e mineração de potássio são setores centrais, além da indústria de fertilizantes.

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  1. Economias com forte presença no turismo
  • Tailândia: O turismo representa uma grande parte do PIB, com mais de 38 milhões de visitantes anuais.
  • Cuba: O turismo está em rápido crescimento, especialmente pelas atrações naturais do Caribe.
  • Malásia: O setor terciário, incluindo o turismo, representa 53,6% do PIB.

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  1. Pequenas economias em desenvolvimento
  • Belarus: PIB de US$ 60,73 bilhões, com a agricultura como setor relevante.
  • Bolívia: PIB de US$ 41 bilhões, com altas taxas de pobreza e desigualdade.
  • Uganda: Economia dependente da agricultura, ainda pouco desenvolvida.

* Colaborou Isabelle Paiva
** Nota redigida com o apoio de inteligência artificial


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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