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Imagem: Reprodução Firstpost

Cúpula do Sul Global reúne 173 países em prol de desenvolvimento e cooperação econômica

Participantes analisaram caminhos para fortalecer estratégias para garantir segurança alimentar, saúde e enfrentar a emergência climática no Sul Global
Livia Rodríguez Delis
Prensa Latina
Nova Delhi

Tradução:

Ana Corbisier

A Terceira Cúpula da Voz do Sul Global, organizada pela Índia em formato virtual, reforçou a centralidade da região que abriga 60% da população mundial na busca coletiva de um futuro inclusivo para todos, segundo autoridades.

Temas que representam um desafio para estes países como a conquista até 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), concentraram os debates em 10 sessões, com a participação de delegados de 173 países, deles 21 chefes de Estado ou de governo, 34 chanceleres e 118 ministros de outras áreas, assim como representantes de cinco bancos multilaterais de desenvolvimento.

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Os participantes analisaram caminhos para fortalecer o desenvolvimento e a cooperação econômica entre os países do Sul Global e estratégias que perdurem além de 2030 para enfrentar as problemáticas socioeconômicas, assegurou a Chancelaria.

Expressaram sua confiança em que as ideias e as melhores práticas compartilhadas no encontro de 17 de agosto serão mais frutíferas na próxima Cúpula do Futuro que as Nações Unidas realizarão em setembro próximo e contribuirão para um maior empoderamento do Sul Global.

Narendra Modi

Na sessão inaugural de líderes, o primeiro-ministro Narendra Modi mostrou a pertinência da Cúpula em um momento de grande incerteza devido aos efeitos colaterais da Covid-19, dos conflitos armados, dos desafios da mudança climática e da insegurança alimentar e energética.

Destacou as ameaças decorrentes do terrorismo, do extremismo e do separatismo para as sociedades, o aparecimento de novos problemas sociais e econômicos relacionados com a tecnologia, assim como o fracasso da governança mundial e a obsolescência das instituições financeiras criadas no século passado.

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O chefe de governo indiano ressaltou a necessidade da unidade entre os países do Sul Global em uma só voz e força para articular suas preocupações e prioridades. Modi apresentou uma proposta para um Pacto Global de Desenvolvimento integral que compreende os elementos do comércio, a criação de capacidade para o crescimento sustentável, o intercâmbio de tecnologia, assim como o financiamento e subvenções de projetos.

Anunciou um fundo de dois milhões e 500 mil dólares para impulsionar as atividades de promoção do comércio, e outro, de um milhão para a criação de capacidade em política e negociação nesta área. O primeiro-ministro acrescentou que a Índia trabalhará para que os países do Sul Global tenham acesso a medicamentos genéricos acessíveis e eficazes, apoiará a capacitação dos reguladores destes produtos essenciais e compartilhará experiências e tecnologia em matéria de agricultura natural.

Cuba: Solidariedade x egoísmo

Durante a primeira sessão de ministros de Relações Exteriores, da qual participou o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, o anfitrião Subrahmanyan Jaishankar considerou como temas centrais para chegar aos ODS a necessidade de fortalecer a resiliência econômica, enfrentar a mudança climática, avançar nas transições energéticas, revitalizar o multilateralismo e democratizar as transformações digitais.

Enquanto isso, o titular cubano referiu-se ao obstáculo que representam as medidas coercitivas, como o bloqueio dos Estados Unidos contra a ilha caribenha, para a plena consecução do desenvolvimento econômico e social. Exortou a multiplicar a solidariedade e a cooperação frente à coerção, o unilateralismo e o egoísmo.

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Rodríguez lembrou que o povo cubano sofre há mais de 60 anos o grave e negativo impacto de um asfixiante bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelo governo dos Estados Unidos, recrudescido ao máximo desde 2019. Mostrou que a inclusão arbitrária, fraudulenta e indemonstrável de Cuba na lista unilateral do Departamento de Estado, de supostas nações patrocinadoras do terrorismo, reforça ainda mais os efeitos desta política inumana.

Indicou que se realmente se espera avançar para o desenvolvimento dos países do Sul Global, é imperativo articular uma nova ordem econômica internacional e reformular a arquitetura financeira atual, baseada na equidade, na igualdade soberana, no benefício mútuo e na cooperação.

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“Necessitamos urgentemente implementar a agenda climática acordada internacionalmente sem mais demora, em conformidade com os princípios de equidade, responsabilidades comuns mas diferenciadas nas capacidades respectivas”, afirmou.

Posteriormente, na segunda sessão de ministros de Relações Exteriores, Jaishankar apresentou como propostas a urgência de reformar o multilateralismo para restabelecer a credibilidade das Nações Unidas e de suas instituições, e de garantir o acesso ao financiamento e à tecnologia para o desenvolvimento. Sugeriu, ainda, que o Sul Global elabore suas próprias iniciativas caso o mundo não responda, e que se intensifiquem a cooperação entre suas nações para fazer da interdependência uma força.

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Paralelamente, o debate no encontro sobre finanças se concentrou no alto custo da dívida e nos crescentes riscos de super endividamento, a pertinência de aumentar o financiamento acessível a longo prazo e ampliar a de contingência para os países que enfrentam restrições de liquidez.

Segurança alimentar, saúde e juventude…

Na reunião de saúde, os ministros deliberaram sobre os mecanismos para uma maior acessibilidade e eficácia na atenção sanitária mediante a integração da infraestrutura pública digital, o fortalecimento das iniciativas para melhorar a segurança alimentar e avançar para o bem-estar holístico.

E ainda, o apoio dos sistemas de saúde indígenas e dos remédios tradicionais, assim como as formas de abordar os desafios da cobertura sanitária universal. Por outro lado, os titulares da educação intercambiaram ideias sobre a criação dos recursos humanos para acelerar a conquista dos ODS, promover uma maior inclusão das mulheres em todas as áreas da sociedade e ajudar a lograr dividendos demográficos, entre outros temas.

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Na sessão da Juventude, destacou-se a necessidade de uma educação e formação profissional de qualidade, e a importância de fomentar uma cultura de criação de empresas no Sul Global para abordar a situação do emprego.

Os ministros do Comércio se concentraram nas práticas inclusivas, nas cadeias de fornecimento resilientes, na transferência de tecnologia e na conectividade eficiente, e solicitaram melhoras no acesso à informação, aos mercados e ao financiamento, soluções digitais acessíveis, assim como a facilitação do comércio não discriminatório.

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Na sessão de Informação e Tecnologia, os participantes apelaram à colaboração para fornecer opções viáveis de Infraestrutura Pública Digital aos países do Sul Global e analisaram ferramentas de inteligência artificial responsáveis e acessíveis, para melhorar a prestação de serviços, aumentar a eficiência da produção e acelerar o crescimento econômico.

Enquanto isso, na reunião de Meio Ambiente ressaltou-se a demanda dos países em desenvolvimento de financiamento, transferência de tecnologia e criação de capacidade para enfrentar a problemática do clima e debateram sobre a urgência de criar resiliência nestas nações, em particular nos Pequenos Estados Insulares.

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Por último, os ministros de Energia examinaram a situação dos mercados energéticos mundiais, sua volatilidade e desafios, assim como os passos necessários para acelerar a adoção de tecnologias de energia limpa.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Livia Rodríguez Delis

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