Pesquisar
Pesquisar
Pequenos barco com imigrantes à deriva no Mediterrâneo (Foto: Ministério de Defesa da Espanha)

Decisão de tribunal da Itália põe em xeque política anti-migratória de Meloni

Meloni fechou acordo com a Albânia para enviar migrantes aos país; modelo tenta ser copiado por outros países da Europa; entenda
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Um tribunal da seção de imigração do tribunal de primeira instância de Roma ordenou a transferência imediata para a Itália de 16 migrantes provenientes de Bangladesh e Egito.

Eles haviam sido interceptados em águas internacionais do Mediterrâneo e posteriormente enviados para dois centros de acolhimento de migrantes na Albânia, em virtude de um acordo entre o país e a Itália. O governo da ultradireitista Giorgia Meloni instaurou esse método de tratamento aos migrantes, com o qual pretende agilizar sua expulsão do solo europeu, e que também aspira a que se estenda aos demais países da União Europeia (UE).

A sentença é devastadora para a estratégia elaborada por Meloni, que agora tenta ser copiada pelo restante da UE, pois foi estabelecido que os 12 migrantes que continuam internados na Albânia – quatro já foram transferidos para a Itália por serem menores de idade – não podem permanecer lá e têm que ser levados ao solo italiano. Além disso, a sentença adverte que “os dois países de origem dos migrantes não são seguros” e que, portanto, prevalece a doutrina europeia que argumenta que o direito comunitário proíbe designar um terceiro país como seguro se ele não puder ser categorizado como tal em todo o seu território e para todos os seus cidadãos.

Essa sentença questiona profundamente a estratégia de Meloni, que ganhou adeptos na última reunião em que participaram mandatários de todos os países da UE na última quinta-feira (17), na qual o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, enfatizou em um comunicado o objetivo de desenvolver uma “ação decidida para aumentar e acelerar os retornos da EU” e “apresentar rapidamente uma nova proposta legislativa sobre a chamada migração irregular”.

Uma postura à qual se opõem vários países, entre eles a Espanha, cujo presidente do governo, o socialista Pedro Sánchez, afirmou que esse modelo “não resolve os problemas e cria outros novos”, além de insistir no respeito aos direitos humanos e à legalidade internacional.

Crise de moradia na Espanha

A massiva manifestação do último domingo (13) em Madri, na qual milhares de jovens e famílias vulneráveis exigiram uma resposta ao problema estrutural da moradia, provocou uma primeira reação por parte do presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, que anunciou na segunda-feira (14) a criação de um “bônus de aluguel para jovens” que terá um orçamento inicial de 200 milhões de euros.

O mandatário espanhol, no poder há quase sete anos, aprovou no ano passado uma lei de moradia que, até o momento, não reverteu nem a espiral das altas dos preços de aluguel e venda, nem o déficit na oferta, além de que a Espanha é atualmente o país da União Europeia (UE) que menos investe em moradia pública, apesar de ser um dos problemas mais graves.

Após acusações contra esposa, Sánchez defende regulamentação da mídia na Espanha

Em meio ao grave caso de corrupção que afeta seu governo, Sánchez anunciou que sua administração tem como “uma prioridade” o problema de acesso à moradia para os mais jovens e as famílias de renda baixa e média.

Ele não respondeu à exigência de demissão de sua ministra da Moradia, Isabel Rodríguez, apontada como a responsável por ter redigido uma lei insuficiente e pouco prática, mas anunciou o plano de 200 milhões para ajudar os jovens no pagamento do aluguel.

Será um plano similar ao que está em vigor, o “bônus cultural“, que visa fomentar o consumo de cultura na população mais jovem, seja por meio de livros, teatro, cinema e até videogames.

Sánchez também anunciou que seu governo trabalhará em um “regulamento contra a fraude no aluguel de temporada“, que é uma fórmula semelhante ao aluguel de férias, além de “medidas contundentes” para evitar “uma Espanha com proprietários ricos e inquilinos pobres”.

“O Genocídio Será Televisionado”: novo e-book da Diálogos do Sul Global denuncia crimes de Israel

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

LEIA tAMBÉM

1000 dias de Guerra na Ucrânia estratégia de esquecimento, lucros e impactos globais
1000 dias de Guerra na Ucrânia: estratégia de esquecimento, lucros e impactos globais
G20 se tornará equipe de ação ou seguir como espaço de debate
G20 vai se tornar “equipe de ação” ou seguir como “espaço de debate”?
Do Fórum Social Mundial ao G20 Social Lula reinventa participação popular global
Do Fórum Social Mundial ao G20 Social: Lula reinventa participação popular global
Entidades denunciam governos de Valência e Espanha por homicídio culposo durante enchentes
Entidades denunciam governos de Valência e Espanha por homicídio culposo durante enchentes