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Foto: La Jornada

Defesa de García Luna solicita 20 anos de prisão à justiça dos EUA

Na petição, defesa incluiu cartas de apoio que atestam "que Garcia Luna é uma boa pessoa, dedicado à sua família e um homem que serviu" ao México por décadas
David Brooks, Jim Cason
La Jornada
Nova York

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Os advogados de defesa de Genaro García Luna solicitaram ao juiz de Nova York, que ditará a sentença no próximo dia 9 de outubro, uma condenação de 20 anos de prisão.

Diante do pedido de prisão perpétua proposto na semana passada pelos promotores federais contra o ex-secretário de Segurança Pública do México, a equipe de advogados de defesa, encabeçados por César de Castro, argumenta que uma pena de 20 anos é extensa, “suficiente” e equivalente ao tempo que seu cliente dedicou à sua carreira como funcionário público.

Na solicitação de 14 páginas apresentada nesta quarta-feira (25) ao juiz federal Brian Cogan, do Tribunal Federal do Distrito Leste de Nova York, de Castro e sua equipe oferecem uma série de argumentos para sustentar sua solicitação.

Assinalam que García Luna já cumpriu quase cinco anos encarcerado, onde “perdeu tudo pelo que trabalhou – sua reputação, todos os seus bens, as instituições que ele defendeu –”, enquanto sofreu ataques públicos por diversas forças no México. Acrescentam que sua família sofreu durante esses anos. Além disso, ele enfrentou condições “desumanas” no Centro de Detenção Metropolitano, onde está detido, mas, apesar disso, buscou ajudar sua comunidade, assim como no México, dedicando-se a apoiar o desenvolvimento educacional de outros réus. Indicaram que tudo isso deveria ser considerado pelo juiz ao determinar a sentença.

García Luna, “Uma boa pessoa, dedicado a família”

Em sua solicitação, incluem uma série de casos e cartas de apoio, incentivando que o juiz “saiba que ele é uma boa pessoa, dedicado à sua família e um homem que serviu ao seu país por décadas”. Além disso, “dedicou grande parte de sua carreira defendendo os ideais dos Estados Unidos e ajudando sua comunidade de segurança pública”. Sublinham que García Luna “continua demonstrando seu caráter ao se concentrar no futuro, apoiando sua família emocionalmente… e trabalhando e orando por um futuro mais luminoso para sua família e o povo de seu país”.

Também recordam que Garcia Luna foi convidado e elogiado por presidentes estadunidenses, pelos diretores da CIA, da DEA e do FBI, e oferecem uma lista de condecorações outorgadas por vários países ao acusado, incluindo os Estados Unidos, por agências policiais e de inteligência. Além disso, oferecem testemunhos de seus dois filhos, sua esposa e até de seu futuro genro.

Os promotores solicitaram a pena de prisão perpétua, pintando uma imagem oposta do acusado, afirmando que García Luna “mentiu e traiu seus colegas, a segurança pública estadunidense e o povo mexicano… posto que simplesmente optou pela ganância e corrupção em detrimento do bem-estar dos cidadãos do México e dos Estados Unidos”.

O juiz Cogan está programado para avaliar as solicitações e emitir sua sentença em 9 de outubro, depois que García Luna foi declarado culpado por um júri em 21 de fevereiro de 2023, por todas as cinco acusações de narcotráfico que giram em torno da acusação de que ele recebeu milhões de dólares do cartel de Sinaloa em troca de proteção.

García Luna é condenado: um novo impulso para a guerra às drogas operada pelos EUA

Espera-se que os advogados de García Luna apelem da sentença, e tampouco se descarta alguma negociação posterior com o Departamento de Justiça para reduzir sua condenação em troca de sua cooperação contra outros suspeitos.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.
Jim Cason Correspondente do La Jornada e membro do Friends Committee On National Legislation nos EUA, trabalhou por mais de 30 anos pela mudança social como ativista e jornalista. Foi ainda editor sênior da AllAfrica.com, o maior distribuidor de notícias e informações sobre a África no mundo.

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