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Gabriel Borics (Foto: Reprodução / Facebook)

Denúncia mútua de assédio sexual envolvendo Boric amplia crise política no Chile

Boric é acusado de ter extraviado um pendrive com imagens íntimas entre 2013 e 2014, enquanto sua defesa acusa a suposta vítima de, na mesma época, ter assediado sexualmente o agora presidente do Chile
Aldo Anfossi
La Jornada
Santiago

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Um advogado que representa juridicamente o presidente do Chile, Gabriel Boric, entregou na manhã desta terça-feira (26) uma declaração pública onde se afirma que o governante foi vítima de assédio sexual por parte de uma mulher há dez anos, reagindo assim à denúncia judicial que, agora se sabe, foi apresentada contra o mandatário no dia 6 de setembro de 2024. A esse respeito, o promotor-chefe da Região de Magallanes, Cristian Crisosto, confirmou que se interroga o presidente “pelo delito de difusão indevida de imagens íntimas” e que “está como imputado na causa”.

O advogado de Borics, Jonathan Valenzuela, afirmou: “entre julho de 2013 e julho de 2014, Gabriel Boric Font foi vítima de um assédio sistemático via correio eletrônico por parte de uma mulher maior de idade que conheceu meu representado no contexto de sua prática profissional em Punta Arenas”, da qual Boric é oriundo, distante 2.200 quilômetros ao sul da capital. Valenzuela detalhou que “foram enviados 25 e-mails de diferentes endereços por parte da mesma pessoa, incluindo em um deles o envio não solicitado nem consentido de imagens de caráter explícito”.

Membro do Governo Boric denunciado por abuso sexual interferiu em provas; caso abala Chile

O jurista assegurou que, desde julho de 2014, não houve comunicação alguma entre Boric e a remetente dos e-mails, com a qual “meu representado jamais teve relação afetiva nem de amizade”, e que a primeira instrução que recebeu foi entregar ao Ministério Público todos os e-mails que a remetente enviou, o que foi concretizado em 22 de outubro de 2024. “O Presidente da República rechaça e desmente categoricamente a denúncia, e assim ficará demonstrado na instância correspondente”, concluiu.

Outro advogado, Jaime García, que disse assessorar a mulher, explicou que “a denúncia não tem a ver com o que supostamente recebeu o agora presidente em seu correio eletrônico, mas com o extravio de um pendrive que a vítima tinha em seu escritório quando fazia a prática profissional de direito junto a Gabriel Boric, com quem se sentava ao lado”.

Da suposta vítima, de 42 anos, o meio The Clinic publicou que “tem liberdade vigiada intensiva por roubo com intimidação há um mês e atravessou três processos judiciais durante este ano”.

Momento delicado

A existência dessa denúncia contra Boric, divulgada na noite de segunda-feira (25) em uma declaração da Presidência da República, tornou-se conhecida no momento em que o governo permanece preso em uma crise que eclodiu em 17 de outubro, ao ser revelado que o até então subsecretário do Interior, Manuel Monsalve, foi acusado criminalmente por uma subordinada de tê-la violado e abusado sexualmente.

Monsalve, em prisão preventiva há pouco mais de uma semana, era o homem de absoluta confiança de Boric para tratar dos temas de segurança pública e combate ao crime organizado, tendo amplas atribuições sobre as polícias de Carabineros e de Investigações, que coordenava e eventualmente comandava.

A ministra do Interior, Carolina Tohá, admitiu perante uma comissão investigadora da Câmara de Deputados que o governo errou ao não destituir Monsalve imediatamente após ser informada pela polícia de Investigações (PDI), dois dias antes que o caso explodisse publicamente.

O próprio Boric ficou comprometido quando, ao tentar explicar quando e como ficou sabendo do caso e por que não retirou a confiança de Monsalve imediatamente, deu uma desastrosa entrevista coletiva em que pareceu indicar que protegeu o funcionário a quem confiava a segurança pública do país.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Aldo Anfossi

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