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ToggleHá uma década, o Brasil vivia momento ímpar com a aplicação de políticas de distribuição de renda que rendera elogios ao combate à crise financeira de 2008, cujo otimismo habilitava o país a sediar eventos esportivos como a Copa do Mundo de Futebol da FIFA em 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, na cidade do Rio de Janeiro, em 2016.
A abertura de janela de oportunidades ao país permitiu ter mais visibilidade e a proximidade de ingressar, com maior grau de relevância, debater as questões mundiais e se inserir no rol das nações mais desenvolvidas, marcado pelo progresso social e, principalmente, respeito à democracia.
Entretanto, a crise social e política iniciada em 2013 com protestos populares que tomaram às ruas do país tiveram como uma de suas consequências impeachment da presidenta Dilma Rousseff, porém a queda do otimismo vem acompanhada de atos de cunho autoritário que se inicia com os incumbentes que a sucederam.
Reprodução: pxhere
Há uma década, o Brasil vivia o melhor momento social e financeiro da sua história recente
No momento atual, o incumbente eleito em 2018 se mostra incapaz de promover o bem geral da nação que fora o juramento de posse. Instalado com as benesses proporcionadas pelo exercício do poder, busca incessantemente desmontar regras democráticas, cuja tônica afugenta expectativas de melhora nas relações sociais internas do país.
O autoritarismo como forma de controle
Com isso, ganha espaço a proposição de atos de espírito autoritário permeados de diálogos impensáveis pelos antecessores. O palácio presidencial ganha ares de “bunker” ao editar medidas antidemocráticas que ganha impulso com o processo da pandemia do novo coronavírus.
Projeta-se, portanto, Estado arbitrário e violento com supressão aos direitos humanos. A narrativa da equipe presidencial em tentar intervir em investigações internas e administrativas, bem como nos demais poderes da República e, ainda, nos entes federativos em adotar mudanças infralegais que possam calibrar os interesses do capital especulativo e setores empresariais em troca do apoio cego aos devaneios do incumbente que é a prova cabal do atual estado de fragilidade das massas, expurgada mais uma vez por reformas que suprimem direitos e garantias coletivas e individuais.
Todavia, o mundo começa a questionar a capacidade de liderança do incumbente brasileiro, o que leva ao aumento de descredito e retirada de investimentos. O isolamento externo pode ser comprovado pela baixa recepção de líderes em Brasília, aliado a atritos regionais com a Argentina e a China, nossos maiores parceiros comerciais.
Recentemente, os tentáculos do autoritarismo se mostram mais claros pela teimosia em rejeitar os ensinamentos da ciência ao combate da pandemia, que vai contribuir para assumirmos a vice-liderança em número de mortos dentro dos próximos dias, ultrapassando o Reino Unido e, com reais possibilidades de assumir a liderança nas próximas semanas de infectados e vítimas fatais, suplantando os Estados Unidos da América.
No entorno palaciano, o atual panorama é tratado com desdém, pois a artilharia de fogo está direcionada aos inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal, pois os elementos ali colhidos podem justificativa de abertura de processo de impeachment, por isso a atitude do incumbente em atrair velhas raposas do Congresso Nacional, que em troca de cargos e liberação de verbas possa garantir o mínimo necessário para garantir a coalização de sustentação, como fez Temer e impelir tal medida.
Dentro desse quadro, os questionamentos em relação ao método de exercício do poder tem como resposta a truculência a jornalistas que o incumbente julga ser contrários a ele, mas que cobrem as atividades presidenciais corriqueiras e que recentemente optaram por não mais fazer a cobertura próxima, devido a questões de segurança. Por outro lado, a busca de criar fato político com seus apoiadores em manifestações de caráter duvidoso tem agraciado a vontade presidencial, contra a orientação sanitária e democrática.
Esse fator leva a agências nacionais e internacionais descredenciarem o regime democrático em execução no país, onde se depura protestos violentos e a escalada da crise que convive com mortes diárias de mais 1000 pessoas segundo números oficiais, mas devido à subnotificação podem ser mais elevadas, bem como a triste constatação de inocentes mortos nas periferias do país, notadamente jovens e do sexo masculino parece não arrefecer a guinada presidencial em ditar o conflito com a sociedade, o que torna inevitável a vulnerabilidade do país no cenário global, diminuindo o otimismo sobre o Brasil na condução do atual presidente.