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Tribunal argentino cede diante da verdade e Florencia Kirchner permanece em Cuba

Imprensa independente assinala o aumento das denúncias pelo assédio e perseguição política contra a família Kirchner e seu entorno
Stella Calloni
Buenos Aires

Tradução:

O Tribunal Oral Federal (TOF) 8, onde tramita um dos processos contra a ex-presidenta Cristina Fernández de Kirchner, autorizou na última quarta-feira a permanência de sua filha Florencia Kirchner em Cuba até o dia 15 deste mês para continuar com seu tratamento por estresse pós traumático em Havana, em uma posição diferente da que tomou o TOF 5, que deu um prazo para o retorno de Florencia até esta quinta-feira (11/04). 

O TOF 8 tem ao seu cargo o processo Hotesur, e aceitou a prorrogação pedida pela defesa para que a jovem pudesse ficar, realizar exames e receber o tratamento para seus problemas de saúde, depois de receber os relatórios dos médicos cubanos.

A decisão foi baseada no fato de que os profissionais do Corpo Médico Forense referendaram o diagnóstico clínico e a recomendação de não viajar em avião, além do pocisionamento do promotor Marcelo Colombo que assinalou que durante a investigação do caso nunca houve restrições de movimento e que não há necessidade de sua presença no país para o processo.

Às denúncias pelo assédio e perseguição política contra a família Kirchner e seu entorno, se une por estes dias a um incremento de ações do Ministério de Segurança, tomando decisões cada vez mais discriminatórias e outras em nome de uma suposta “luta antiterrorista”.

Uma delegação de esportistas paquistaneses, que ia competir em um campeonato mundial de Futsal (futebol de salão) na província de Misiones, foi retida e deportada ao chegar ao aeroporto de Ezeiza por razões de segurança nacional. 

No aeroporto da província de Mendoza foi detida esta quarta-feira a delegação colombiana de BMX que chegou para disputar a Copa Sul-americana em San Juan, província vizinha, e nela se encontra Mariana Pajón, bicampeã olímpica e multi-campeã mundial, que denunciou que o motivo da detenção foi a nacionalidade. 

Imprensa independente assinala o aumento das denúncias pelo assédio e perseguição política contra a família Kirchner e seu entorno

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O governo de Maurício Macri comanda o assédio e perseguição política contra a família Kirchner e seu entorno

“Quando passamos nosso passaporte demoraram um pouco porque tinham que ver nosso passado judicial porque éramos colombianos e agora nos têm aqui. Estou super-triste que isto continue acontecendo, nós somos orgulhosamente colombianos e viajamos pelo mundo com este uniforme para ser os melhores representantes e embaixadores”, declarou Pajon. 

Neste mesmo confuso cenário de detenções, deportações e retenções de pessoas por simples suspeitas, na província de Córdoba, a promotora Graciela López de Filoñuk tomou depoimento e deve deixar em liberdade a arquiteta Gabriela Medrano  e  Felipe Zegers, ambos chilenos, que chegaram para participar do Congresso da Língua e foram detidos esta semana nesta capital, de onde iam viajar de regresso ao Chile. 

O motivo foi uma caixa de alto falantes e outros equipamentos que haviam esquecido no hotel onde se haviam hospedado em Córdoba, e que a política “confundiu” com um artefato que podia conter explosivos. Ambos, reconhecidos profissionais em seu país, foram detidos sob a suspeita de ser “terroristas”.

É claro que esta detenção, além de outras como de um casal de iranianos, que continuam presos, ou dois irmãos de uma família de origem síria, que ficaram detidos 22 dias por supostamente pertenceram ao Hezbolá, de acordo com uma denúncia anônima que “teria chegado” à Delegação de Associações Israelitas-Argentinas e outros casos em todo o país, aparecem como uma derivação da política do Ministério de Segurança, cuja titular, Patricia Bullrich, tem assumido as políticas antiterroristas dos Estados Unidos e de Israel, no que alguns meios de imprensa locais caracterizam como uma extra limitação permanente, que afeta a sociedade e as relações internacionais. 

Todo isto se dá no marco do escândalo da rede de extorsão e espionagem ilegal que se agrava a cada hora para o governo do presidente Mauricio Macri e que nas últimas horas originou denúncias contra os jornalistas cúmplices destas atividades, pelas quais se citou para amanhã no Congresso às máximas autoridades da Agência Federal de Inteligência.

*Colaboradora de Diálogos do Sul na Argentina

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Stella Calloni Atuou como correspondente de guerra em países da América Central e África do Norte. Já entrevistou diferentes chefes de Estado, como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Luiz Inácio Lula da Silva, Rafael Correa, Daniel Ortega, Salvador Allende, etc.

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