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Encontro de Bolsonaro com indígenas foi “cena montada”, diz general que deixou presidência da Funai

Esses índios não representavam suas comunidades. Foram plantados ali para reclamarem de tudo", declarou Franklimberg de Freitas
Redação Revista Fórum
Revista Fórum
São Paulo (SP)

Tradução:

Franklimberg de Freitas, ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), voltou a criticar a agenda do governo Bolsonaro para a entidade. Segundo ele, o encontro entre o presidente da República e um grupo de  indígenas, em abril, foi uma “cena montada” e a política indigenista tem sido feita junto a ruralistas, sem diálogo com a Funai e sem focar no índio.

“Não foi sequer a Funai que pagou a passagem daqueles índios para irem a Brasília e gravar com o presidente. Esses índios não representavam suas comunidades. Foram plantados ali para reclamarem de tudo”, declarou o general da reserva do Exército ao jornalista André Borges, na edição desta segunda-feira (1º) do jornal O Estado de São Paulo, ao ser questionado sobre um episódio em que um grupo de indígenas se encontrou com o presidente junto ao ruralista Nabhan Garcia, pivô da queda de Freitas.

No encontro, ocorrido em abril e transmitido pelo Facebook de Bolsonaro, um grupo de indígenas supostamente das etnias Parecis (Mato Grosso), Macuxi (Roraima), Xucuru (Pernambuco) e Yanomamis (Amazonas/Roraima), reivindicam o direito de explorar as reservas tradicionais. Eles foram levados ao encontro com o presidente por Naban Garcia.

Esses índios não representavam suas comunidades. Foram plantados ali para reclamarem de tudo", declarou Franklimberg de Freitas

Reprodução
Bolsonaro no encontro com supostos representantes indígenas

Freitas novamente criticou a política indigenista promovida por Bolsonaro, dizendo que ela tem sido feita apenas dentro do Palácio do Planalto, articulada com ruralistas. “A Funai praticamente não tem conhecimento de nada. Quem assessora o presidente são essas pessoas [ruralistas]. Levam para o presidente a informação de que sou um ongueiro, golpista, bolivariano. Jamais me identificaria com essas afirmações, mas me parece que o presidente acreditou”, afirmou.

Freitas ainda lamentou os ataques da bancada ruralista à demarcação de terras indígenas. “Grande parte das nossas demarcações ocorreu em processos de litígio com o segmento rural. Da última vez que eu estive na presidência da Funai, um ano e meio atrás, tínhamos 19 processos de demarcação judicializados. Hoje, há 59. Como ainda há outras 119 terras em fase de estudo, a tendência é que esse volume aumente”, disse.

https://www.facebook.com/jairmessias.bolsonaro/videos/965431323847896/

Freitas novamente criticou a política indigenista promovida por Bolsonaro, dizendo que ela tem sido feita apenas dentro do Palácio do Planalto, articulada com ruralistas. “A Funai praticamente não tem conhecimento de nada. Quem assessora o presidente são essas pessoas [ruralistas]. Levam para o presidente a informação de que sou um ongueiro, golpista, bolivariano. Jamais me identificaria com essas afirmações, mas me parece que o presidente acreditou”, afirmou.

Freitas ainda lamentou os ataques da bancada ruralista à demarcação de terras indígenas. “Grande parte das nossas demarcações ocorreu em processos de litígio com o segmento rural. Da última vez que eu estive na presidência da Funai, um ano e meio atrás, tínhamos 19 processos de demarcação judicializados. Hoje, há 59. Como ainda há outras 119 terras em fase de estudo, a tendência é que esse volume aumente”, disse.

“O presidente fez uma promessa de campanha de não demarcar terra. Mas prometeu melhorar a vida do índio. Se o presidente não quer demarcar, ele tem essa prerrogativa na lei. O que não se pode esquecer é que existem processos em curso, e que você não pode paralisa-los. Se fizer isso, comete improbidade administrativa”, disparou. 

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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