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Trump realiza uma das maiores buscas de trabalhadores imigrantes na história recente

Por causa do discurso anti-imigrantes e racista de Trump, os latinos agora sentem o perigo de possíveis atentados terroristas de supremacistas brancos
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Donald Trump foi recebido com protestos e repúdio em Dayton e El Paso, e no mesmo dia em que chegou ao lugar do que alguns qualificam como o pior ataque contra a comunidade latina na história moderna dos Estados Unidos, seu regime realizou o que chamaram da maior busca jamais realizada de trabalhadores imigrantes latino-americanos.

Enquanto isso, a Anistia Internacional emitiu um alerta para viajantes aos Estado Unidos ante “níveis altos de violência com armas nesse país”.

Em Dayton, a primeira escola de seu recorrido pelas duas cidades que juntas sofreram a perda de 31 pessoas e dezenas de feridos em atentados investigados agora como de “terrorismo doméstico”, Trump evitou aparecer em público, e junto com sua esposa Melania visitou um hospital e manteve uma reunião com oficiais de segurança pública. Enquanto isso, manifestantes gritavam “Faça algo” e vários políticos que representam a cidade e o estado, entre outros, exigiram que Trump deixe de usar retórica racista e que promova maiores controles de armas.

Rumo a El Paso ao concluir sua visita em Dayton, rechaçou as versões dos meios de que sua visita foi repudiada pelas comunidades locais, afirmando que essas versões são parte de uma manobra política de seus opositores. A partir de seu avião emitiu tuites atacando a prefeita de Dayton, Nan Whaley e o senador federal do estado de Ohio, Sherrod Brown, entre outros, pelo que percebeu como críticas contra ele, todo durante o recorrido supostamente dedicado a promover a empatia nacional diante das tragédias.

Pouco depois em El Paso, o presidente foi recebido por centenas de manifestantes com cartazes como “Trump não é bem-vindo aqui” e “Suas palavras têm consequências” e políticos locais exigiram que o presidente condene o “terrorismo racista” e apele pelo fim dos ataques contra imigrantes.

A representante federal por El Paso, Verónica Escobar, recusou a reunir-se com Trump em sua visita. Mas 20 mil pessoas haviam firmado uma carta aberta impulsionada pela Rede Fronteiriça de Direitos Humanos expressando que não seria bem-vindo até abandonar suas posições racistas e xenófobas. El presidente, da mesma forma como em Dayton, foi a um hospital onde se reuniu com pessoal médico, vítimas e seus familiares, e não respondeu a demandas. 

Por causa do discurso anti-imigrantes e racista de Trump, os latinos agora sentem o perigo de possíveis atentados terroristas de supremacistas brancos

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Alguns qualificam como o pior ataque contra a comunidade latina na história moderna dos Estados Unidos

No caso de El Paso, onde o responsável da morte de até agora 22 pessoas e dezenas de feridos declarou que agiu para frear a “invasão hispana”, quase todo líder latino no nível nacional considerou que foi um ataque fomentado pela retórica racista e anti-imigrantes do Presidente Trump. 

Agora, depois desta tragédia, muitos indicam que uma comunidade que já vive sob temor por causa das políticas e do discurso anti-imigrantes e racista de Trump e seu regime, agora sente o perigo de possível atentados terroristas de supremacistas brancos.

De fato, poucas horas antes de que Trump chegasse a El Paso para visitar uma cidade que sofreu o que alguns qualificaram como o pior ataque contra a comunidade latina neste país, seu regime realizou a maior busca de migrantes em locais de trabalho em um só estado na história do país, segundo as autoridades, intensificando a sensação de perigo para a comunidade latina.

Aproximadamente 600 agentes de migração realizaram buscas em sete fábricas processadoras de carne de frango no Mississippi, onde detiveram 680 trabalhadores, em sua maioria latino-americanos. Crianças e jovens testemunharam como seu pais foram algemados e transportados a um hangar militar para ser processados, reportou a agência AP.

Temor e alertas nos EUA por armas

Enquanto isso, a tensão gerada por tiroteios massivos recentes neste país manifestou-se em pleno centro de Nova York, quando milhares correram fugindo de Times Square na noite de terça-feira ao escutar o que pensavam ser tiros, mas que resultaram ser ruídos de escapamento de motocicletas. 

Por outro lado, a Anistia Internacional emitiu nesta quarta-feira um alerta internacional para viajantes aos Estados Unidos, pedindo que “as pessoas no nível mundial exerçam precaução e preparem um plano de contingência quando viajarem dentro dos Estados Unidos”, ante “os altos níveis de violência com armas no país”. Agrega que os viajantes deveriam manter-se alertas diante da “ubiquidade de armas de fogo entre a população” e evitar lugares públicos como “eventos culturais, locais religiosos, escolas e centros comerciais” [https://www.amnestyusa.org/our-work/government-relations/advocacy/travel-advisory-united-states-of-america/].

“Viajantes aos Estados Unidos deveriam permanecer cautelosos pois o país não protege de maneira adequada o direito das pessoas a estar seguras”, afirmou Ernest Coverson da Anistia Internacional USA, agregando que “o governo dos Estados Unidos não tem a vontade de assegurar a proteção contra a violência de armas de fogo”.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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