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Dez trilhões de dólares deixam de ser pagos a trabalhadoras domésticas todos os anos

Estudo da organização Oxfam aponta que esta é uma das categorias profissionais mais exploradas do mundo
Redação Revista Fórum
Revista Fórum
São Paulo (SP)

Tradução:

O Relatório Tempo de Cuidar, divulgado pela organização Oxfam, neste domingo (19), aponta que uma das categorias profissionais mais exploradas do mundo são as trabalhadoras domésticas. Somente 10% delas, de acordo com o estudo, são protegidas por leis trabalhistas gerais e apenas cerca de metade delas conta com a mesma proteção em termos de salário mínimo.

Esse trabalho vale mais de dez trilhões de dólares por ano, um valor ignorado ou mal pago.

Veja o estudo completo aqui: 200120_Tempo_de_Cuidar_PT-BR_sumario_executivo-1

O relatório diz ainda que mais da metade de todas as trabalhadoras domésticas não tem limite para a jornada de trabalho previstos na legislação nacional. Nos casos mais extremos de trabalho forçado e tráfico de mão de obra, as trabalhadoras domésticas se veem presas nas residências de seus patrões, com todos os aspectos de suas vidas controlados, o que as torna invisíveis e desprotegidas.

Estudo da organização Oxfam aponta que esta é uma das categorias profissionais mais exploradas do mundo

Oxfam
Trabalho das empregadas domésticas vale mais de dez trilhões de dólares por ano, um valor ignorado ou mal pago.

Katia Maia, diretora da Oxfam no Brasil, acredita que o melhor a fazer é divulgar os dados inéditos apresentados. O relatório é liberado há cinco anos no Fórum Econômico Mundial de Davos, que começa no próximo dia 21.

“Lançamos em Davos porque é a reunião que junta o poder econômico do mundo. A gente vem mostrando como existe cada vez mais uma concentração, uma desigualdade extrema que não tem sido solucionada”, diz a diretora. “Essa importância econômica não é contabilizada nos PIBs (Produto Interno Bruto), por exemplo. Como a gente vive em um mundo monetizado, as coisas só passam a ser importantes quando temos um valor”, critica.

Para Katia Maia, pensar o Brasil nesse contexto deve considerar o recorte racial, que coloca as mulheres negras na base da pirâmide do trabalho doméstico não pago. Com o conservadorismo moral forte no governo Bolsonaro, Maia teme uma imobilidade social para quem, há inúmeras gerações, cuida de homens e mulheres que prosperam economicamente.

“Se a gente está com governos com uma mensagem ultraconservadora, temos mais dificuldade pra fazer a mudança cultural necessária. As pessoas passaram séculos vendo a “mulher do lar”. Esse cuidado invisível do trabalho doméstico e do cuidado, que é não remunerado ou mal pago, tem um valor econômico que não é repassado”, analisa Maia. “Esse tema é invisível. A crise da prestação de cuidados é eminente”, diz.

* Com informações da Carta Capital

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
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