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Família é amor: conheça a primeira criança registrada por duas mães em Cuba

O Ministério de Justiça do país antilhano emitiu sua certidão de nascimento que reconhece a dupla maternidade ou a maternidade compartilhada das parceiras
Danay Galletti Hernández
Prensa Latina
Havana

Tradução:

O menino Paulo César, de 13 meses de nascido, é o primeiro menor inscrito no Registro Civil de Cuba como filho de duas pessoas do mesmo sexo: a psicóloga cubana Dachelys Valdés e a antropóloga estadunidense Hope Bastian.

Recentemente, o Ministério de Justiça do país antilhano emitiu sua certidão de nascimento, a qual reconhece a dupla maternidade ou a maternidade compartilhada das parceiras, residentes no município Praça da Revolução, em Havana. 

Em entrevista exclusiva à Prensa Latina, uma das mães, Dachelys Valdés explicou que esse constitui o primeiro passo para a obtenção da cidadania do menor e argumentou que os trâmites, iniciados via correio postal desde os Estados Unidos, hoje se encontram paralisados como consequência da Covid-19.

O documento, que se apoia legalmente no artigo 7 da Constituição da República de Cuba registra, ademais, o direito a formar uma família, qualquer que seja sua forma de organização e vela pelo interesse superior do pequeno e seu direito a ser registrado.

Expressou que “o caminho já está aberto e mais pessoas poderiam conseguir isso, até que o futuro Código de Famílias o regule para todos e não tenham que ser casos específicos. Cuba tem facilidade e possibilidade de ser harmônica, de ter coexistência e de oferecer direitos às pessoas”.

O Ministério de Justiça do país antilhano emitiu sua certidão de nascimento que reconhece a dupla maternidade ou a maternidade compartilhada das parceiras

Facebook Dachelys Valdés | Reprodução
A psicóloga cubana Dachelys Valdés e a antropóloga estadunidense Hope Bastian com seu filho

Escolha consciente

As parceiras escolheram a nação caribenha para educar seu filho. “Sim, temos outras opções. Podemos inclusive viver nos Estados Unidos, mas todos os lugares têm suas coisas positivas e negativas e quando nós pomos isso em uma balança, Cuba sai ganhando sempre”, asseverou Hope Bastian.

Dois anos antes do nascimento de Paulo César, cujo nome alude ao poeta peruano César Vallejo e ao filósofo brasileiro Paulo Freire, Dachelys e Hope decidiram casar-se legalmente no estado norte-americano da Flórida. Nesse país, após um processo de reprodução assistida nasceu o menino em 2019.

Embora o país antilhano ainda não reconheça o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo, o Ministério da Justiça aprovou colocar “mãe e mãe” como aparece na inscrição do nascimento de Paulo, emitida no Hospital da Flórida. 

Cuba: pluralidade sem preconceitos

Coincidem em que as mostras de apoio recebidas, após a difusão da notícia demonstram a disposição da sociedade cubana de abraçar a pluralidade sem preconceitos, estereótipos ou julgamentos errados. 

“Às vezes quando saímos para brincar com o Paulo, há quem nos diga que ele parece contente. Claro, pois é uma criança feliz. Tem duas pessoas completamente enamoradas dele, pendentes de suas necessidades, compartilhando cada brincadeira, refeição e despertar”, afirmou Dachelys.

“Família é amor, não são papéis, nem orientações, raças ou etnias. Não faz falta dar à luz, não faz falta cumprir um papel biológico, não faz falta nenhuma dessas coisas quando se tem a decisão consciente de amar alguém, de trazer uma criança ao mundo, de amá-la e dar-lhe tudo, isso já é família”, concluiu. 

Assista o vídeo:

Danay Galletti Hernández da Redação de Prensa Latina em Havana

Prensa Latina, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava /Ana Corbusier


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Danay Galletti Hernández

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