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Investir em parteiras pode salvar 4,3 milhões de vidas até 2035, diz Diretora Regional da OMS para a África

Até meados do século passado, praticamente em todo o mundo, a maioria dos partos aconteciam nos domicílios e assistidos por parteiras
Flavia Estevan
Prensa Latina
São Paulo (SP)

Tradução:

Em maio é celebrado em todo o mundo o Dia Internacional das Parteiras (05/05) e o Dia Internacional da Enfermagem (12/05). Neste ano, a Federação Internacional das Parteiras celebrou a data com o lema: “Investir em parteiras salva vidas, melhora a saúde e fortalece os sistemas de saúde”.

Além disso, dentro do contexto da Pandemia da Covid-19 a Federação alertou: “As parteiras são fundamentais, mesmo e especialmente durante uma pandemia global. As parteiras podem prestar cuidados a mulheres, crianças e adolescentes fora de instalações de saúde e perto de onde moram, o que é particularmente importante agora, pois isso pode impedir que os serviços médicos sejam sobrecarregados.”

Quem são as parteiras?

As parteiras realizam, possivelmente, um dos ofícios mais antigos da humanidade. Mulheres sempre ajudaram outras mulheres a darem a luz, era comum em aldeias e vilas, que mulheres com mais experiência atendessem a comunidade nas gestações, partos, cuidados com os bebês e saúde em geral.

Até meados do século passado, praticamente em todo o mundo, a maioria dos partos aconteciam nos domicílios e assistidos por parteiras

Reprodução: Katia Ribeiro Souza
Em maio é celebrado em todo o mundo o Dia Internacional das Parteiras (05/05) e o Dia Internacional da Enfermagem (12/05)

Até meados do século passado (1950), praticamente em todo o mundo, a maioria dos partos aconteciam nos domicílios e assistidos por parteiras.

Com o avanço do modelo da medicina moderna ocidental, o translado dos processos de saúde e doença para as mãos dos profissionais médicos e com o fortalecimento das instituições hospitalares, alguns países absorveram as parteiras nos seus sistemas de saúde e outros as deixaram de fora.

No mundo, atualmente, diferentes profissionais e não profissionais assistem os partos:

-Médicas (os) obstetras, são aqueles que estudam medicina e depois se especializam em obstetrícia. São formados para acompanhar gestações e intervir em gestações de alto risco  além da realização de cesarianas.

-Obstetrizes são parteiras formadas em universidades com formação direta em obstetrícia, preparadas para atender gestações de risco habitual, parto e pós parto, além de atenção básica à saúde.

-Enfermeiras obstetras fazem formação universitária generalista e depois se especializam em obstetrícia. Além de apresentarem as mesmas competências das obstetrizes podem trabalhar em outros setores da enfermagem devido a sua formação generalista.

Parteiras tradicionais atuam em muitos lugares do mundo, principalmente distante dos grandes centros urbanos. São parteiras não diplomadas, que podem ter aprendido o ofício através de uma parteira mais experiente ou em alguns casos, através de cursos técnicos. É fundamental melhorar as condições de vida, saúde e segurança das parteiras tradicionais, que em sua maioria atuam em áreas de grande vulnerabilidade econômica e social, onde os sistemas de saúde não oferecem cobertura.

Em comunicado oficial no dia 05 de maio de 2021, Dr.ª Matshidiso Moeti, Diretora Regional da OMS para a África disse que “se as intervenções das parteiras alcançassem uma cobertura de 95%, seria possível evitar 67% dos óbitos maternos, 65% dos natimortos e 64% dos óbitos neonatais, salvando assim 4,3 milhões de vidas por ano até 2035”.

Esses dados foram apresentados recentemente em um estudo recente publicado na revista científica The Lancet  que também detalha que é fundamental o empenho das organizações de saúde para que o trabalho de parteiras e enfermeiras receba um reconhecimento e reputação positiva e respeitosa em relação a outros grupos que também atuam na assistência à gestação e parto. A dimensão de gênero deve ser considerada pois a maioria das parteiras são mulheres e a maioria dos médicos seniores e gerentes de serviços de saúde são homens.

Recentemente a REHUNO Saúde participou no 8º Simpósio Internacional do Centro de Estudos Humanista e organizou o Painel: “Nascimento em 3 culturas- Avanços e desafios da saúde materno infantil” que contou com a participação das parteiras Henriqueta Mundlovo de Moçambique; Raquel Cajão de Portugal e Roselane Gonçalves do Brasil. Cada parteira trouxe dados e contou um pouco do cenário da assistência obstétrica e neonatal em seu país, quais as melhorias vividas nos últimos anos e quais desafios ainda têm por enfrentar.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Flavia Estevan

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