Ao se completar um ano do assassinato do afro-estadunidense George Floyd por um policial, um movimento pela justiça racial sem precedentes na história do país ajudou a derrotar um presidente racista, motivou algumas reformas policiais no nível local e outras seguem pendentes, e obrigou o novo presidente a se comprometer em impulsionar reformas federais em defesa dos direitos civis e frear a violência oficial do racismo sistêmico em todo o país – embora essas promessas ainda estão por ser cumpridas.
A família de George Floyd, incluindo sua filha de 7 anos, foram convidados a uma reunião privada com o presidente Joe Biden e a vice-presidenta Kamala Harris na Casa Branca esta terça-feira (25), para marcar o aniversário. Também se encontraram com líderes legislativos, incluindo a presidenta da câmara baixa Nancy Pelosi.
O presidente -que pôs no centro de sua campanha a justiça racial – havia imposto esta data como limite para promulgar a chamada Lei George Floyd que inclui reformas para limitar a imunidade policial e proíbe o uso de uma manobra física sobre o pescoço para submeter suspeitos, entre outras.
Mas embora tenha sido aprovada pela câmara baixa, enfrenta obstáculos de republicanos no Senado. A família Floyd insistiu com os políticos a atuar mais rapidamente para aprovar o projeto de lei.
O presidente emitiu um comunicado depois da reunião afirmando que “a família Floyd demonstra uma valentia extraordinária” e recordou que quando conheceu a filha de Floyd, um dia antes do funeral de seu pai, “ela me disse, ‘papai mudou o mundo’. Assim é”.
“Temos que agir… a batalha pela alma dos Estados Unidos tem sido uma queda de braço entre o ideal estadunidense de que todos somos criados como iguais e a dura realidade de que o racismo… nos destroçou”.
Legisladores, o ex-presidente Barack Obama e outras figuras nacionais emitiram declarações expressando seu compromisso em promover reformas e elogiando a luta renovada pelos direitos civis e o combate contra o racismo sistêmico e estrutural.
Reprodução
Em todos o país, múltiplos eventos marcaram o aniversário da morte do afro estadunidense George Floyd.
Em todos o país, múltiplos eventos marcaram o aniversário. Em Minneapolis foi organizado um festival de música e comida em um parque perto do tribunal onde o policial Derek Chauvin – que se ajoelhou no pescoço de Floyd por mais de 9 minutos apesar das repetidas súplicas de seu vítima de que não podia respirar – foi declarado culpado de assassinar a Floyd no mês passado.
O caso de Chauvin foi uma das poucas exceções na prevalência da impunidade gozada por autoridades acusadas de homicídio e maus tratos de minorias.
Nos eventos, fóruns, vigílias e outros mais, recordou-se, e muitos se comprometeram a continuar, as mobilizações de protesto em massa que foi detonada pelo assassinato de Floyd em Minneapolis e persistiram durante meses, sacudindo o país.
Alguns cálculos são de que 26 milhões de pessoas participaram nessas mobilizações – o maior movimento de protesto da história dos Estados Unidos – por todo o país.
Em Washington, dias de protesto levaram a que o então presidente Donald Trump se escondesse em um bunker no porão da Casa Branca, em 30 de maio de 2020. Pouco depois, ameaçou enviar tropas federais a várias cidades e ordenou a repressão a uma manifestação pacífica nas proximidades da Casa Branca, com o uso das forças armadas, o que provocou uma profunda crise na cúpula militar.
Biden, embora ainda não tenha conseguido mudanças legislativas, deixou claro que sua política difere da de seu antecessor, ao instalar um procurador-geral, Merrick Garland, que declarou como prioridade a luta contra o supremacismo branco, e nomeando Kristen Clarke – hoje ratificada pelo Senado – como chefa da divisão de direitos civis do Departamento de Justiça (a primeira mulher afro-estadunidense no posto), entre outras mudanças executivas.
No nível estatal, o movimento detonado pela morte de Floyd tem conseguido gerar propostas de reformas policiais em quase todos os estados, e em metade deles (24) foram aprovadas novas leis nesse setor; 30 aprovaram novas regras sobre táticas policiais. No nível local, dezenas de cidades reduziram seus orçamentos policiais e/ou implementaram medidas para reformar o comportamento de suas forças de segurança pública.
Mas muitos no movimento pelos direitos civis renovados dizem que estão buscando promover uma mudança muito mais ampla. O reverendo William J. Barber, co-presidente da Campanha pelos Pobres, observa que “o racismo sistêmico no policiamento está ligado ao racismo e a desigualdade econômica”, bem como em medidas para suprimir a participação política das minorias. “A justiça exige uma transformação sistêmica”, diz ele.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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