O escritor e assessor de movimentos populares Frei Betto saiu em defesa do vereador Renato Freitas (PT), que teve a cassação do mandato aprovada pela Câmara Municipal de Curitiba em razão de um protesto contra racismo; cabe recurso.
A moção, também assinada pela Pastoral Fé e Política da Diocese de Campo Limpo e pelo vereador do Rio de Janeiro Chico Alencar (PSOL), observa que Freitas está sendo vítima de perseguição, racismo e fakenews nas redes sociais.
No último dia 5 de janeiro, durante um ato que pedia justiça por Moïse Kabagambe, jovem congolês assassinado friamente no Rio de Janeiro, Freitas e outros manifestantes entraram na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, em Curitiba. O local é simbólico para a população negra da cidade.
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“Participantes do ato entraram e fizeram uma ação pacífica, buscando diálogo e respeitando o espaço da igreja, depois que a Missa já havia sido encerrada” lembra a carta.
O texto também observa que Renato Freitas recebe ameaças desde o início de seu mandato, agora intensificadas, e que “Não estão sendo ouvidos os clamores das mais de 15 mil pessoas que participam do abaixo assinado em defesa de Renato Freitas”. O trecho se refere ao abaixo-assinado “Em defesa do mandato de Renato Freitas”, que pode ser assinado aqui.
Renato Freitas | Reprodução Instagram
"Desde o início de seu mandato, Renato Freitas tem recebido ameaças, intensificadas após a manifestação de 5 de fevereiro", denuncia a carta
Aos fiéis, a declaração também exorta a uma passagem bíblica, segundo a qual “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão saciados”. Confira o documento de apoio na íntegra:
Moção em defesa do mandato do Vereador Renato Freitas
Todo o nosso apoio ao vereador Renato Freitas, que está sendo perseguido e é vítima de racismo, em especial depois da divulgação de diversas fakenews em redes sociais.
Renato Freitas participou em 5 de fevereiro de um ato em frente à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, em Curitiba [1], por justiça para Moise, jovem congolês assassinado no RJ, para Durval e para outros dois jovens negros assassinados em Curitiba e de cuja morte não houve sequer divulgação na imprensa. Houve atos semelhantes organizados por militantes em todo o país, contra a violência que a população negra enfrenta cotidianamente, em especial os adolescentes e jovens negros, que há décadas são as maiores vítimas de homicídios no Brasil.
Como testemunharam o vigário e outras pessoas que estavam na igreja naquele momento, participantes do ato entraram e fizeram uma ação pacífica, buscando diálogo e respeitando o espaço da igreja, depois que a Missa já havia sido encerrada, [2].
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão saciados.
Bem-aventurados os de coração puro, porque verão a Deus” (Mateus 5, 5-8)Surpreendentemente, no entanto, vereadores propuseram a cassação do mandato de Renato Freitas e a Comissão de Ética da Câmara de Vereadores de Curitiba julgou esta proposta em 10 de maio, por 5 votos a 2.
É importante ressaltar ainda que, desde o início de seu mandato, Renato Freitas tem recebido ameaças, intensificadas após a manifestação de 5 de fevereiro.
Quem quer calar o vereador negro, por seu mandato popular em defesa da população periférica de Curitiba, usando a entrada na igreja como suposta justificativa, em evidente atitude de racismo, manipulação e perseguição política?
Não estão sendo ouvidos os clamores das mais de 15 mil pessoas que participam do abaixo-assinado em defesa do mandato de Renato Freitas – assinaturas que seguem aumentando a cada dia, nem os muitos participantes dos atos públicos em 9, 10 e 13 de maio em Curitiba, nem as muitas organizações, movimentos sociais e lideranças religiosas que fizeram e seguem fazendo declarações de apoio ao vereador desde fevereiro de 2022.
Renato Freitas segue os passos de Jesus, para que todos tenham vida e a tenham em plenitude. (João 10,10).
Fazemos um apelo aos vereadores e às vereadoras de Curitiba para que impeçam essa injustiça, retirando as acusações, votando contra a cassação e reafirmando o direito de Renato Freitas a seguir seu mandato, para o qual foi eleito e que tem exercido com coragem e determinação nas lutas contra o racismo e contra as desigualdades em Curitiba e em nosso país.
Notas de referência:
[1]https://www.renatofreitasjr.com.br/nota-de-esclarecimento-sobre-o-ato-por-justica-para-moise-e-durval/
[2]https://www.brasildefato.com.br/2022/02/23/mais-de-12-mil-pessoas-ja-manifestaram-apoio-a-vereador-de-curitiba-ameacado-de-cassacaoAssinam (coletando assinaturas):
Frei Betto – Escritor e assessor de movimentos populares
Pastoral Fé e Política da Diocese de Campo Limpo
Chico Alencar – Vereador do Rio de Janeiro (PSOL)
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Guilherme Ribeiro é colaborador da Revista Diálogos do Sul.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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