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ToggleDesde a última quinta-feira (7), imagens que circulam amplamente nas redes sociais retratam uma cena alarmante: detenções em massa de palestinos na região de Beit Lahia, ao norte da cidade de Gaza, conduzidas por forças militares israelenses.
Os homens detidos são submetidos a condições degradantes, sendo despidos, forçados a ajoelhar-se às margens das ruas, com os olhos vendados, antes de serem transportados em um veículo militar.
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Embora a cronologia exata e as circunstâncias precisas dessas detenções permaneçam obscuras, algumas identidades foram confirmadas por meio de relatos de familiares e colegas. Revelou-se que muitos dos aprisionados são civis e não têm filiação ao Hamas, uma observação apontada por parentes e empregadores, incluindo a rede “Euro-Med Human Rights Monitor”.
A organização ligada à defesa dos Direitos Humanos expressou veementemente sua condenação diante das imagens, declarando que o Exército israelense deteve e abusou gravemente de dezenas de civis palestinos.
Relatos sugerem que as detenções ocorreram de maneira arbitrária e indiscriminada, envolvendo médicos, acadêmicos, jornalistas e até mesmo homens idosos.
Fonte: Wissam Nassar
Metodologia
O Exército de Israel sustenta a ação, afirmando que os detidos são membros ou possíveis membros do Hamas. Segundo um porta-voz das Forças Armadas de Israel, a imposição da nudez serve como medida de segurança para garantir que nenhum explosivo esteja sendo transportado pelos detidos.
O jornalista Diaa Al-Kahlot, do veículo The New Arab, e vários membros de sua família foram confirmados como detidos, conforme relatado pelo mesmo meio de comunicação. O períodico enfatizou que os soldados israelenses forçaram os habitantes de Gaza a se despirem, revistando-os e humilhando-os antes de levá-los para um destino desconhecido.
Para a agência CNN, Hussam Kanafani, editor-chefe da The New Arab, expressou preocupação com o desaparecimento de Al-Kahlot e sua família, assegurando esforços para determinar seu paradeiro e garantir sua libertação.
“Faremos todos os esforços possíveis, em cooperação com instituições e organizações internacionais preocupadas com os direitos e a liberdade dos jornalistas no mundo, para determinar o paradeiro do nosso colega Diaa e libertá-lo o mais rapidamente possível”, disse Kanafani.
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Fonte: Wissam Nassar
Segundo o jornal The New Arab, os soldados israelenses forçaram os habitantes de Gaza a se despirem, revistando-os e humilhando-os
Gaza é um campo de concentração
Nossa reportagem conversou com Amyra El Khalili, uma beduína palestino-brasileira, pertencente à linhagem do Shayk Muhammad al-Khalili e editora das redes do Movimento Mulheres pela Paz. No diálogo, ela expressou uma notável calma diante das informações compartilhadas, revelando que a internet proporciona uma vitrine para realidades que perduram há muitos anos.
“Gaza é um campo de concentração a céu-aberto há mais de 17 anos”, afirmou.
“A Ratazana” de Gunter Grass e o holocausto nuclear em Gaza anunciado por Netanyahu
Amyra resgata a história ao mencionar que as tentativas de Israel de invadir e controlar Gaza para construir mais e mais assentamentos de colonos israelenses ocorrem há muitos anos, sendo apenas interrompidas pela eleição do Hamas, em 2006, que posteriormente expulsou o Exército israelense de Gaza.
Ela opina que a gravidade da situação atual supera a da era nazista na Alemanha, em parte devido à ausência de meios de comunicação como a internet naquela época, o que permitia que os governos alegassem falta de conhecimento sobre o que ocorria nos campos de concentração.
“Gaza hoje está sendo pior do que os campos de concentração nazistas. As imagens e vídeos dos massacres estão viajando o mundo na velocidade da internet”, comenta para logo destacar ser incontestável que a comunidade internacional hoje está ciente dos eventos em curso.
Confira o vídeo com imagens dos palestinos sob violência dos soldados israelenses.
Ao abordar as imagens provenientes de Gaza, Amyra enfatiza que os registros simplesmente revelam uma realidade que persiste há muitos anos, despercebida por muitos, mas que, nas palavras dela, constituem “um campo de concentração”, com métodos ainda mais atrozes do que os empregados pelos nazistas.
“Os nazistas não lançavam bombas nos campos de concentração porque tinha alemães lá. Gaza é pior porque Israel bombardeia o campo de concentração com seu próprio povo dentro” finalizou, referindo-se aos 50 reféns israelenses que também foram assassinados por Israel nestes bombardeios.
George Ricardo Guariento | Jornalista e colaborador da Diálogos do Sul.
Edição: Vanessa Martina-Silva
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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