O diretor da série “Operação Condor”, Cleonildo Cruz, vai solicitar a reabertura do caso da morte do ex-presidente do Brasil João Goulart. O pedido será feito à Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) e à Comissão de Anistia do Brasil.
A requisição de Cruz ganhou impulso após o Governo Lula decidir reabrir as investigações sobre a morte do também ex-presidente do Brasil Juscelino Kubitschek.
“Não podemos deixar esse caso no limbo, como se já estivesse encerrado. É preciso que, como brasileiros, investiguemos de forma profunda e responsável”, afirma Cruz, destacando a importância de que sejam encontradas evidências consistentes para confirmar “se a morte de Jango foi natural ou se realmente houve algum tipo de interferência criminosa”.
João Goulart, que estava exilado na Argentina após o golpe militar de 1964, morreu em 6 de dezembro de 1976 na cidade de Mercedes. A causa oficial da morte foi registrada como “infarto do miocárdio”, mas, ao longo dos anos, surgiram fortes indícios de que teria sido assassinado por envenenamento.
A Comissão Nacional da Verdade (CNV), em relatório divulgado em 1º de dezembro de 2014, determinou a causa da morte de Goulart como inconclusiva. Na ocasião, o perito cubano Jorge Perez declarou que, “com muito rigor científico”, não era possível provar qualquer hipótese.


Para Jair Krischke, fundador do Movimento de Justiça e Direitos Humanos e especialista no tema da Operação Condor, o Brasil tem “a obrigação de investigar exaustivamente este caso”. Em depoimento concedido para o documentário “Operação Condor”, ele aponta: “Se, com provas consistentes, pudermos entender que ele morreu de causas naturais, que assim seja. Mas enquanto isso não acontecer, a morte de Jango permanece altamente suspeita”.
Operação Condor vai abordar JK, Jango e Neruda
O cineasta e historiador Cleonildo Cruz e o economista e professor Luiz Gonzaga Belluzzo estão à frente da série de TV “Operação Condor”, que vai expor os detalhes da ofensiva levada a cabo em diferentes países da América Latina, com o apoio dos Estados Unidos, para impor mudanças de regime e instaurar ditaduras na segunda metade do século 20.
Além de filmagens no Brasil, a produção vai visitar seis países da região, para reconstruir com exatidão os crimes e violações articulados por forças políticas, militares e empresariais.
No segundo episódio, sobre a história brasileira, Cruz e Belluzzo anunciaram recentemente que “Operação Condor” vai abordar as mortes tanto de Juscelino Kubitschek quanto de João Goulart. Já o primeiro capítulo se dedica ao Chile e vai retratar o assassinato de Pablo Neruda.
“Pablo Neruda foi o inimigo número um do regime militar no Chile. Sua obra e biografia são de grande importância para mim”, afirma Cleonildo Cruz, que conta ainda conhecer profundamente a poesia e a história do mártir chileno. “Estou refletindo sobre muitos aspectos e escrevendo, mas tenho plena certeza de que tudo se encaixará”, acrescenta.
O poeta faleceu 12 dias após o golpe de 1973 liderado por Augusto Pinochet contra o então presidente Salvador Allende. Conforme revelado em 13 de fevereiro de 2023, em Santiago, Neruda morreu envenenado com a bactéria Clostridium botulinum.
Para saber mais detalhes sobre a série “Operação Condor”, confira:
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