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João Goulart (Imagem: Biblioteca do Congresso dos EUA)

Diretor de “Operação Condor” vai solicitar reabertura de investigação sobre morte de João Goulart

Ação de Cleonildo Cruz acompanha decisão do Governo Lula de retomar caso de Juscelino Kubitschek; série “Operação Condor” vai abordar JK, Jango e Neruda
Guilherme Ribeiro
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

O diretor da série “Operação Condor”, Cleonildo Cruz, vai solicitar a reabertura do caso da morte do ex-presidente do Brasil João Goulart. O pedido será feito à Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) e à Comissão de Anistia do Brasil.

A requisição de Cruz ganhou impulso após o Governo Lula decidir reabrir as investigações sobre a morte do também ex-presidente do Brasil Juscelino Kubitschek.

“Não podemos deixar esse caso no limbo, como se já estivesse encerrado. É preciso que, como brasileiros, investiguemos de forma profunda e responsável”, afirma Cruz, destacando a importância de que sejam encontradas evidências consistentes para confirmar “se a morte de Jango foi natural ou se realmente houve algum tipo de interferência criminosa”.

João Goulart, que estava exilado na Argentina após o golpe militar de 1964, morreu em 6 de dezembro de 1976 na cidade de Mercedes. A causa oficial da morte foi registrada como “infarto do miocárdio”, mas, ao longo dos anos, surgiram fortes indícios de que teria sido assassinado por envenenamento.

A Comissão Nacional da Verdade (CNV), em relatório divulgado em 1º de dezembro de 2014, determinou a causa da morte de Goulart como inconclusiva. Na ocasião, o perito cubano Jorge Perez declarou que, “com muito rigor científico”, não era possível provar qualquer hipótese.

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Para Jair Krischke, fundador do Movimento de Justiça e Direitos Humanos e especialista no tema da Operação Condor, o Brasil tem “a obrigação de investigar exaustivamente este caso”. Em depoimento concedido para o documentário “Operação Condor”, ele aponta: “Se, com provas consistentes, pudermos entender que ele morreu de causas naturais, que assim seja. Mas enquanto isso não acontecer, a morte de Jango permanece altamente suspeita”.

Operação Condor vai abordar JK, Jango e Neruda

O cineasta e historiador Cleonildo Cruz e o economista e professor Luiz Gonzaga Belluzzo estão à frente da série de TV “Operação Condor”, que vai expor os detalhes da ofensiva levada a cabo em diferentes países da América Latina, com o apoio dos Estados Unidos, para impor mudanças de regime e instaurar ditaduras na segunda metade do século 20.

Além de filmagens no Brasil, a produção vai visitar seis países da região, para reconstruir com exatidão os crimes e violações articulados por forças políticas, militares e empresariais.

No segundo episódio, sobre a história brasileira, Cruz e Belluzzo anunciaram recentemente que “Operação Condor” vai abordar as mortes tanto de Juscelino Kubitschek quanto de João Goulart. Já o primeiro capítulo se dedica ao Chile e vai retratar o assassinato de Pablo Neruda.

“Pablo Neruda foi o inimigo número um do regime militar no Chile. Sua obra e biografia são de grande importância para mim”, afirma Cleonildo Cruz, que conta ainda conhecer profundamente a poesia e a história do mártir chileno. “Estou refletindo sobre muitos aspectos e escrevendo, mas tenho plena certeza de que tudo se encaixará”, acrescenta.

O poeta faleceu 12 dias após o golpe de 1973 liderado por Augusto Pinochet contra o então presidente Salvador Allende. Conforme revelado em 13 de fevereiro de 2023, em Santiago, Neruda morreu envenenado com a bactéria Clostridium botulinum.

Para saber mais detalhes sobre a série “Operação Condor”, confira:

Série “Operação Condor” é alerta sobre atual imperialismo contra América Latina, apontam diretores


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Guilherme Ribeiro Jornalista graduado pela Unesp, estudante de Banco de Dados pela Fatec e colaborador na Revista Diálogos do Sul Global. Mais conteúdos em guilhermeribeiroportfolio.com

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