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Toggle“A dívida pública é uma farsa! Estamos sendo roubados todos os dias”, afirma Maria Lúcia Fattorelli, auditora-fiscal aposentada e fundadora da organização Auditoria Cidadã da Dívida. Fattorelli foi a convidada do programa Dialogando com Paulo Cannabrava da última terça-feira (25) e denunciou de forma contundente o mecanismo que atualmente dilapida o orçamento brasileiro.
“Nós não temos uma dívida propriamente dita, temos um sistema da dívida, manejado principalmente pelo setor financeiro e apoiado pelo Banco Central e pelo Tesouro Nacional“, afirma.
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Fattorelli destaca que quase metade do orçamento federal é destinado ao pagamento de juros e amortizações da dívida, sem que haja transparência sobre os credores. “Estamos falando de uma sangria anual de quase dois trilhões de reais, e nem sabemos para quem estamos pagando. Tudo é sigiloso”, alerta.
Segundo a especialista, essa prática beneficia os grandes bancos e investidores estrangeiros, enquanto áreas essenciais como saúde e educação ficam sem recursos adequados.
Política econômica “subserviente”
A auditora também criticou a política econômica do país, chamando-a de “subserviente aos interesses do setor financeiro”: “Os países avançados praticam juros baixíssimos e não há conversa. Aqui, nos ajoelhamos para o mercado e seguimos as regras que nos impõem”, observa.
Enquanto países como os Estados Unidos e a China utilizam seus recursos para fortalecer sua economia e infraestrutura, o Brasil prioriza o pagamento de juros abusivos, sem qualquer benefício para a população, lembra Fattorelli, que qualifica o modelo tributário brasileiro como “um dos mais injustos do mundo”:
“O sistema atual faz com que o trabalhador que ganha dois salários mínimos pague mais impostos proporcionalmente do que os super ricos, que praticamente não contribuem”, assinala.
Auditoria da dívida pública
Nesse sentido, a economista defende uma reforma tributária que aumente a taxação sobre grandes fortunas e remessas de lucros ao exterior, enquanto reduz os impostos sobre o consumo. A solução passa por uma auditoria completa da dívida pública, algo que já foi realizado em países como Equador, com resultados positivos:
“No Brasil, a Constituição prevê essa auditoria, mas nunca foi realizada. Se fizermos uma análise séria, vamos reescrever a história do país”, declara.
Por fim, Fattorelli reforça a importância da conscientização popular para mudar esse cenário: “As grandes mudanças da história sempre vieram de baixo para cima. A população precisa entender como está sendo explorada e exigir mudanças”, conclui.
A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global, no YouTube. Confira: