Pesquisar
Pesquisar
Maria Lucia Fattorelli (Foto: Geraldo Magela / Agência Senado)

“Dívida pública é uma farsa, somos roubados todos os dias”, denuncia Maria Lúcia Fattorelli

Em participação no programa Dialogando com Paulo Cannabrava, a especialista destaca ainda a urgência de uma auditoria na dívida pública do Brasil

George Ricardo Guariento
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

“A dívida pública é uma farsa! Estamos sendo roubados todos os dias”, afirma Maria Lúcia Fattorelli, auditora-fiscal aposentada e fundadora da organização Auditoria Cidadã da Dívida. Fattorelli foi a convidada do programa Dialogando com Paulo Cannabrava da última terça-feira (25) e denunciou de forma contundente o mecanismo que atualmente dilapida o orçamento brasileiro.

“Nós não temos uma dívida propriamente dita, temos um sistema da dívida, manejado principalmente pelo setor financeiro e apoiado pelo Banco Central e pelo Tesouro Nacional“, afirma.

Brasil sem educação financeira visa manter povo refém dos bancos, aponta Ladislau Dowbor

Fattorelli destaca que quase metade do orçamento federal é destinado ao pagamento de juros e amortizações da dívida, sem que haja transparência sobre os credores. “Estamos falando de uma sangria anual de quase dois trilhões de reais, e nem sabemos para quem estamos pagando. Tudo é sigiloso”, alerta.

Segundo a especialista, essa prática beneficia os grandes bancos e investidores estrangeiros, enquanto áreas essenciais como saúde e educação ficam sem recursos adequados.

Política econômica “subserviente”

A auditora também criticou a política econômica do país, chamando-a de “subserviente aos interesses do setor financeiro”: “Os países avançados praticam juros baixíssimos e não há conversa. Aqui, nos ajoelhamos para o mercado e seguimos as regras que nos impõem”, observa.

Enquanto países como os Estados Unidos e a China utilizam seus recursos para fortalecer sua economia e infraestrutura, o Brasil prioriza o pagamento de juros abusivos, sem qualquer benefício para a população, lembra Fattorelli, que qualifica o modelo tributário brasileiro como “um dos mais injustos do mundo”:

“O sistema atual faz com que o trabalhador que ganha dois salários mínimos pague mais impostos proporcionalmente do que os super ricos, que praticamente não contribuem”, assinala.

Auditoria da dívida pública

Nesse sentido, a economista defende uma reforma tributária que aumente a taxação sobre grandes fortunas e remessas de lucros ao exterior, enquanto reduz os impostos sobre o consumo. A solução passa por uma auditoria completa da dívida pública, algo que já foi realizado em países como Equador, com resultados positivos:

“No Brasil, a Constituição prevê essa auditoria, mas nunca foi realizada. Se fizermos uma análise séria, vamos reescrever a história do país”, declara.

Por fim, Fattorelli reforça a importância da conscientização popular para mudar esse cenário: “As grandes mudanças da história sempre vieram de baixo para cima. A população precisa entender como está sendo explorada e exigir mudanças”, conclui.

A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global, no YouTube. Confira:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

George Ricardo Guariento Graduado em jornalismo com especialização em locução radiofônica e experiência na gestão de redes sociais para a revista Diálogos do Sul Global. Apresentador do Podcast Conexão Geek, apaixonado por contar histórias e conectar com o público através do mundo da cultura pop e tecnologia.

LEIA tAMBÉM

China, globalização e os icebergs à política protecionista dos EUA
China, globalização e os icebergs à frente da política protecionista dos EUA
Sal 500% mais caro comparação de preços Brasil x Argentina prova fracasso econômico Milei
Sal 500% mais caro: comparação de preços Brasil x Argentina mostra fracasso econômico Milei
Desenvolvimento interno e alianças estratégicas fortalecem China ante tarifas dos EUA
Desenvolvimento interno e alianças estratégicas fortalecem China ante tarifas dos EUA
Consenso sobre unidade e flexibilidade é crucial para evitar “brexit do Mercosul”
Consenso sobre unidade e flexibilidade é crucial para evitar “brexit do Mercosul”