Está no tanque lavando a roupa de toda a família desde as quatro da madrugada; algumas chegaram desde as três, cada uma acompanhada de um candeeiro para se iluminar um pouco na grande escuridão em meio à mata da aldeia. Por sorte, têm uma cobertura que as protege um pouco quando chove sem vento, mas, quando são tormentas, não há onde se refugiar e lavam debaixo do aguaceiro, terminam com a roupa encharcada, que vai pingando enquanto caminham de volta para suas casas.
Se terminam antes que amanheça, aproveitam para se banhar, com sabão de coche ou de azeitona que levam embrulhados em palha de milho, e sem faltar a pedra-pomes para esfregar os calcanhares. Mas, se o dia já clareou, não podem, porque o tanque fica à beira do caminho, e por volta das seis da manhã já está cheio de vacas, cabras, crianças e adolescentes que vêm pastoreá-las. E de adultos que vão pegar o ônibus para viajar à capital.
Às seis em ponto, Lupita tem que ir organizar a venda: coalhar o leite para fazer o queijo, ir ao roçado cortar flores e raminhos de véu-de-noiva. Os ovos das galinhas, que recolheram desde a tarde anterior, ela os embrulha um a um em palha para que não quebrem. Corta os ramos dos güisquilares e os amarra em pequenos feixes. Raminhos de chipilín e erva-moura, mel de abelha, feixes de ocote. Coloca tudo na cesta e prepara seu yagual.
Começa a amassar o queijo, o soro ela põe em sacos plásticos de uma libra, porque também vende. Coloca as bolinhas de queijo em folhas de bananeira e as acomoda dentro da cesta. À pressa, toma uma xícara de café de milho, enquanto come uma tortilha com sal. Amarra o avental, sua mãe benze os produtos com ramos de arruda e ela vai vender no bairro recém-criado, que agora ocupa o que antes era a fazenda Los Cipreses.
Lupita lembra das árvores frondosas e do zacatal que havia na fazenda. Observa com tristeza que a urbanização deixou o solo erodido, cheio de poeira e lodaçais, lotes diminutos vendidos às pessoas por preços absurdos.
Em meia hora vende tudo o que levava na cesta. Com esse dinheiro, vai ao mercado comprar meia garrafa de óleo, uma libra de sal, uma libra de açúcar, pilhas para o rádio e um quetzal de doces de cardamomo, que leva para seus cinco irmãozinhos que a esperam em casa, a quem cuida como se fossem a menina dos seus olhos.
Estados Unidos, 20 de julho de 2025.





