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Suleiman Hajjaj, Ismail Baddah e Samir Al-Rifai, jornalista assassinados por Israel em 5 de maio (Imagem: Federação Internacional dosJornalistas)

O assassinato da verdade em Gaza: jornalistas, mártires da palavra e da imagem

Crime, cometido à luz do dia e dentro de uma instalação médica protegida pelo direito internacional humanitário, se insere numa longa e sistemática campanha de assassinatos premeditados contra profissionais da imprensa em Gaza

Wisam Zoghbour
Diálogos do Sul Global
Gaza

Tradução:

Em um dos crimes mais brutais cometidos pela ocupação israelense contra a imprensa palestina, drones israelenses assassinaram a sangue-frio, no último dia 5, três de nossos colegas jornalistas no pátio do Hospital Al-Ahli (Hospital Batista) na cidade de Gaza, ferindo outros com diferentes graus de gravidade, num ataque flagrante que não respeitou a vida humana, nem a inviolabilidade das instalações médicas ou das instituições de imprensa. Foram mortos nesse bombardeio selvagem:

  • Suleiman Hajjaj – repórter da TV Palestina  
  • Ismail Baddah – cinegrafista da TV Palestina 
  • Samir Al-Rifai – jornalista da agência Shams News

Os três jornalistas estavam no coração da verdade, no campo de batalha, documentando os massacres da ocupação – e, por isso, foram atingidos por projéteis disparados por um drone, em maio a um silêncio internacional vergonhoso e ao conluio escancarado de instituições falsamente chamadas de “direitos humanos”.

Este crime não é um caso isolado ou acidental: ele se insere numa longa e sistemática campanha de assassinatos premeditados de jornalistas em Gaza, com o objetivo de silenciar a palavra, destruir as câmeras e enterrar as testemunhas junto com as vítimas. Desde o início da guerra total contra a Faixa de Gaza, o número de jornalistas palestinos mortos chegou a 225 – um número sem precedentes na história da mídia contemporânea.

E tudo isso acontece diante dos olhos e ouvidos do mundo, sem que as instituições do direito internacional se movam, e sem que os assassinos sejam formalmente responsabilizados, apesar da existência de prova documental em som e imagem de que se trata de um crime de guerra completo, cometido à luz do dia, dentro de uma instalação médica protegida pelo direito internacional humanitário.

Este crime sangrento é uma declaração de guerra contra a verdade – e contra todos os que empunham a caneta e a câmera. Por isso, o dever ético, profissional e humano exige:

  • Abertura imediata de uma investigação internacional sobre esse massacre, com envio dos responsáveis ao Tribunal Penal Internacional.
  • Julgamento dos líderes da ocupação como criminosos de guerra, rompendo com as condenações verbais que jamais estancaram o derramamento de sangue.
  • Assunção plena de responsabilidades por parte da comunidade internacional e das instituições competentes, incluindo a ONU, o Conselho de Segurança e a União Europeia, pondo fim à política de silêncio cúmplice que beira a participação no crime.

O sangue dos jornalistas mártires não será em vão. Suas imagens e palavras não serão apagadas. Suas lentes – testemunhas da barbárie – continuarão como uma mancha de vergonha na face de um mundo que escolheu o silêncio diante do assassinato da verdade.

Hoje, escrevemos não apenas um lamento pelos que tombaram, mas uma denúncia retumbante contra a ocupação e contra a covardia da comunidade internacional – em defesa de uma profissão que se tornou mais perigosa do que a linha de frente, e de colegas que caíram empunhando câmeras, não fuzis.

Edição de texto: Alexandre Rocha


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Wisam Zoghbour Jornalista, membro da Secretaria-Geral do Sindicato dos Jornalistas Palestinos e diretor da Rádio Voz da Pátria.

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