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Ébola: o exemplo de Cuba

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Editorial de La Jornada*

Ébola o exemplo de CubaEm contraste com a insuficientes, tardias e pouco generosas medidas adotadas pelos governos ocidentais diante da epidemia de ébola na África ocidental, Cuba empreendeu uma ofensiva sanitária internacional pela qual enviou para a região afetada centenas de médicos para conter a expansão do vírus, que em sua manifestação atual já matou mais de cinco mil pessoas, e para oferecer tratamento aos enfermos, que já somam mais de nove mil.

Semelhante esforço mereceu o reconhecimento de amigos e de adversários (o chefe da diplomacia estadunidense, John Kerry, teve que tecer elogios), da Organização das Nações Unidas (ONU), da Organização Mundial de Saúde (OMS) e de importantes meios de comunicação. Ao mesmo tempo, as ações cubanas tem permitido articular um plano de ação dos países integrantes da Aliança Boliviariana para os povos de Nossa América (Alba), cujos integrantes se reuniram em La Habana no dia 20 de outubro a fim de aprovar 23 medidas para evitar que a enfermidade se expanda pelos territórios e organizar medidas de ajuda adicionais para as nações em que persistem os contágios.

Assim, enquanto os países ricos economizam recursos econômicos para o tratamento da enfermidade e procurar blindar-se para impedir a entrada do vírus através de suas fronteiras, Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua, Haiti, Granada, San Vicente y Granadinas, Dominica, Antigua e Barbuda e Sa Critóbal y Nieves, encabeçadas por Cuba decidiram ir lá na origem da epidemia como principal ação preventiva.

A comparação não só permite ratificar os reconhecidos avanços realizados por La Habana no âmbito da medicina, exemplares em muitos sentidos, e suas exitosas políticas de Estado em matéria de saúde, mas também que coloca em tela as mudanças experimentadas em diversas nações de América Latina e Caribe nos mais recentes lustros. De estar sob o domínio de oligarquias vorazes e repressivas invariavelmente apoiadas por Washington e que se desentendiam sobre as necessidades sanitárias de suas respectivas populações, os países da Alba decidiram desempenhar hoje um papel de primeira linha na saúde mundial.

O caso da nação anfitriã do encontro situa-se particularmente no extremo, dado que Cuba teve que desenvolver seu sistema sanitário sob asfixiante bloqueio que os Estados Unidos lhe impõe há mais de meio século, medida que não só provoca consequências desastrosas para a economia da ilha, como também lhe causa enormes dificuldades para promover intercâmbios científicos, adquirir equipamentos clínicos e medicamentos e comercializar com terceiros países.

De fato, o embargo estadunidense não só afeta a Cuba, mas também, em primeiro lugar, às empresas estadunidenses para as quais o mercado cubano teria, em outras circunstâncias, múltiplas oportunidades de negócios. Acrescente-se que as empresas de outras nações que se atrevem a realizar operações com entidades da ilha se vêem sujeitas a draconianas vinganças por parte do governo de Washington.

A necessidade de fortalecer a cooperação internacional para enfrentar a epidemia do ébola constitui excelente oportunidade para que o governo de Barack Obama empreenda, de uma vez por todas, uma guinada significativa nas arcaicas políticas de agressão e bloqueio contra Cuba e termine com esse embargo imoral, ilegal, injusto e prejudicial para todo o mundo, além de anacrônico.

*Editorial de La Jornada, Cidade do México, 21 de outubro de 2014


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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