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Papa Francisco retoma ideais do Fórum Social Mundial e conclama a pensar outro mundo

Bergoglio vai se reunir com jovens economistas de todo o mundo para pensar o combate à pobreza e à desigualdade, tendo como base a dignidade humana
Wagner Iglecias
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Confesso que fiquei intrigado quando o Cardeal Jorge Bergoglio foi escolhido papa, no começo de 2013. Para além de suas relações controversas com a última ditadura militar argentina e suas escaramuças com o casal Kirchner, minha leitura foi a de que a direita mundial tentaria, com a nomeação do primeiro papa latino-americano da História, neutralizar aquela onda de governos progressistas que então comandavam vários países da região, como Brasil, Bolívia, Equador, Uruguai, Venezuela e a própria Argentina. 

Uma vez no poder, Francisco mostrou-se outra coisa: realizou movimentos internos que incomodaram e seguem incomodando interesses poderosos no Vaticano. E para fora, para o mundo, tem dirigido uma mensagem progressista, no sentido da construção de sociedades menos desiguais e menos intolerantes. 

Bergoglio vai se reunir com jovens economistas de todo o mundo para pensar o combate à pobreza e à desigualdade, tendo como base a dignidade humana

Divulgação/ Vaticano
Papa Francisco

Para 2020 Francisco toma a dianteira do processo de rediscussão dos rumos da economia mundial. Essa mesma que concentra renda e riqueza como jamais ocorreu antes na História da Humanidade. E essa mesma que está levando o planeta a um acelerado e talvez irretornavel desequilíbrio ambiental generalizado. 

Na icônica cidade de Assis, na Itália, Francisco vai presidir em março um encontro com jovens economistas do mundo todo destinado a pensar um outro mundo, pautado no combate à pobreza e à desigualdade, na sustentabilidade ambiental e na dignidade humana. Algo que lembra a velha promessa do Fórum Social Mundial, agora em plena década de 20. 

Depois da guinada ultraconservadora do longo papado de Karol Wojtyla (João Paulo ll), que desmontou o velho papel progressista da Igreja Católica de João XXIII e Paulo VI sem, no entanto, frear a enorme perda de fiéis mundo afora para denominações cristãs ainda mais conservadoras, parece que com Francisco o Catolicismo vai tentando redescobrir seu papel num mundo tão desesperançado como este do início do Terceiro Milênio. 

Wagner Iglecias é doutor em Sociologia e professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades e do Programa de Pós Graduação em Integração da América Latina – PROLAM, da USP


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Wagner Iglecias

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